Direitos: Inclusão social é pautada por jovens com deficiências
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Garantia
de direitos e inclusão social. Essas são as principais bandeiras levantadas por
jovens com deficiência durante a 2ª Conferência Nacional de Juventude,
realizada no mês de dezembro de 2011 em Brasília (DF). Apesar de considerar
importante o debate e a oportunidade de participar do evento, alguns jovens
reclamaram da dificuldade de acesso. Foi o caso de Lara Lys Santos Rocha.
Acompanhada da mãe, a jovem cadeirante de 15 anos veio do Ceará para lutar pela
garantia de igualdade de direitos e de liberdade de ir e vir. No entanto,
encontrou dificuldades na hospedagem e no transporte. "O simples fato de a
gente 'tá' aqui já mostra que algo precisa ser mudado. Na [Conferência]
Estadual, e até na Nacional, não houve o respeito completo ao nosso direito de
ir e vir, houve dificuldade de acesso. Tanto é que a gente teve de ficar
mudando de hotel porque nem todos os hotéis eram adaptados pra gente, houve
dificuldade no transporte", comenta. Pela primeira vez em uma Conferência,
as jovens Bruna Alvarenga, de 15 anos, e Anielle Araújo, de 17, se
impressionaram com o evento e com os debates. No entanto, também tiveram
dificuldades de acompanhar as discussões. O problema, segundo elas, não foi a
falta de intérpretes de Libras, mas o regionalismo da língua. Assim como no
Português há diferenças de sotaques e gírias entre as regiões do país, na
linguagem de sinais as mudanças também ocorrem. "Tive dificuldade de
entender. É um pouco diferente, um pouco difícil por causa do
regionalismo",conta Anielle, em Libras, auxiliada por uma intérprete.
Entre as demandas, as duas meninas com deficiência auditiva destacam a luta
pela escola bilíngue (Libras e Português), a inclusão dos surdos na sociedade e
a necessidade de intérpretes nas faculdades. "As pessoas têm que ter
coragem de falar, ter que ter acessibilidade", afirma Bruna. Para Lara, é
importante destacar a igualdade de direitos e a garantia do direito de ir e vir
da pessoa com deficiência. Já para o jovem Antonio David Sousa, de 23 anos,
conselheiro nacional de juventude representando a pessoa com deficiência, a
principal demanda dos jovens é a educação inclusiva. Além disso, ressalta
demandas em outros setores, como transporte adaptado e atenção à saúde. David,
que possui deficiência física e motora, reforça a importância do protagonismo
juvenil e de espaços como a Conferência. "Acho bom encontrar vários jovens
com deficiência aqui, mas devemos ampliar o debate", comenta. Para ele, é
preciso que esses jovens tenham voz e falem por eles próprios. "Os jovens
com deficiência hoje estão muito fora desse debate da juventude. Ele está muito
na tutela, ainda é visto muito como o coitadinho. Pessoas vão falar por ele,
não botam ele no protagonismo juvenil, muitas vezes é a família que vai falar.
Uma coisa é uma pessoa que me apresenta e outra bem diferente é eu me
apresentar", destaca. David espera que na próxima Conferência os jovens
com deficiência estejam mais presentes no debate. E dá o recado: "Não
deixem ninguém falar por vocês. Vocês podem falar por si próprios, vocês podem
lutar por si próprios. Então, que na próxima Conferência tenha mais jovens
lutando. Porque inclusão é já!".
Correio do Brasil - www.correiodobrasil.com.br
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