Técnica promete reduzir rejeição a células-tronco

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Clarissa Carvalhaes - Repórter - 27/02/2011 - 23:41

    Minimizar a rejeição do corpo aos tratamentos com células-tronco, embrionárias ou adultas, é um dos grandes desafios da ciência moderna. Pesquisa realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolveu uma técnica capaz de evitar esse problema.
    Células-tronco são uma espécie de células curingas, capazes de se transformar em qualquer tecido do corpo. Aperfeiçoada, a técnica pode salvar vidas ao regenerar, por exemplo, o tecido de um coração que esteja perdendo seus componentes celulares.
    No estudo realizado em mais de um ano e meio pelo professor do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da UFMG Selmo Geber, foram separadas células de um embrião que, em seguida, foram isoladas até que células-tronco fossem formadas. “Ao contrário das demais células-tronco adultas, que se adequam ao próprio indivíduo, esperamos que essas possam ser aplicadas em qualquer pessoa”, disse.
    Os detalhes do procedimento só serão divulgados após publicação do estudo em uma revista científica, o que acontecerá até o fim deste ano. Geber, que também é diretor da Rede Latino-americana de Reprodução Assistida, não esconde a satisfação do resultado conquistado.
    “Ao contrário das demais células-tronco, que se adequam a determinados indivíduos mas rejeitam outros, criamos uma que pode ser aplicada em qualquer pessoa”. Após ser publicada, a pesquisa deverá passar para a fase de testes de eficácia. “É maravilhoso darmos esperança a um paraplégico que sonha voltar a andar ou a um cego que deseja enxergar”, diz.
    Outra pesquisa inédita desenvolvida a partir de células-tronco e que deve chegar ao mercado até o fim do ano que vem é o tratamento para doenças da retina. Desenvolvida pela Universidade São Paulo (USP) e pelo oftalmologista do D’olhos Hospital Dia, Rubens Siqueira, o estudo, que já foi publicado pelo jornal norte-americano Retina Journal, revela o primeiro tratamento realizado em seres humanos.
    “Essa reposição celular tem potencial para melhorar a qualidade visual em pacientes que foram anteriormente considerados incuráveis”, explica Siqueira. As células-tronco utilizadas na pesquisa proveem de células adultas, retiradas da medula óssea do próprio paciente. Segundo o médico, essa medida extingue o risco de rejeição. “As células-tronco são implantadas no vítreo do globo ocular do paciente, estimulando o funcionamento da retina”.
    A segunda etapa dos testes, que tem inicio programado para março, será capaz de avaliar se a terapia tem potencial de estabilizar a doença ou produzir a melhora no campo visual. O tratamento vai beneficiar principalmente os portadores de degeneração macular (doença que atinge um a cada 3 mil habitantes e está relacionada com a idade). Segundo o oftalmologista, a doença também está entre as quatro maiores doenças que causam a cegueira no mundo.
    Outra pesquisa realizada em São Paulo e que também privilegiou a área oftalmológica utilizou células-tronco retiradas da polpa de dente de leite. Desenvolvida pelo Instituto Butantan, o tratamento busca restaurar a visão, reconstruindo a córnea lesada.
    Para esse estudo, foram recrutados voluntários que já passaram por cirurgia. Se o tratamento passar nos testes de eficácia, a expectativa do instituto é que, até 2012, a técnica seja liberada a outros pacientes.



Fonte: R7

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