Estudo sobre a disfunção sexual de mulheres com lesão medular

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Resumo:
   O sexo é inerente ao ser humano e através dele é que se gera uma vida. Em se tratando da sexualidade de uma pessoa que sofreu um trauma raquimedular com lesão na medula espinhal, é ainda maior o tabu por haver uma certa de dose de desinformação e preconceitos que são gerados por culpa de uma cultura em relação ao sexo complicando-se ainda mais quando este indivíduo é do sexo feminino.
   Há circunstâncias agravantes como a desinformação sobre o tema, o próprio tabu, sobre sexo e sexualidade e os preconceitos inerentes a uma sociedade ainda machista em relação a mulher, a sua sexualidade e a sua deficiência física.
   É sabido que qualquer pessoa que sofreu algum dano na medula, além de comprometimento da sensibilidade, locomoção, funções intestinais e urinárias, independente da região lesionada, também acomete a função sexual. Cada pessoa reage de maneira diferente por mais semelhante que seja a lesão.
   O presente estudo exploratório, descritivo, transversal, aplicado de campo, de natureza quantitativa realizado em 3 hospitais e duas clínicas de fisioterapias na cidade de Ribeirão Preto, S.P., com a finalidade de se conhecer as mulheres vítimas de Trauma Raquimedulares (TRM) com lesão neurológica atendidas no período compreendido entre 1º de janeiro de 2000 a 31 de julho de 2004.
   Foi identificada uma população de 81 mulheres. Deste total, foram excluídas 30 que não atenderam os critérios de inclusão, 12 delas com diagnósticos não relacionados à lesão medular, 11 não localizadas, seis que faleceram e uma que se recusou a participar da pesquisa.
   A faixa etária que predomina mais o ocasionamento de lesões medulares é dos 18 aos 37 anos (38%), Após a lesão, 27% permaneceram solteiras, 28% com seus companheiros e 44% apresentam cuidadores do sexo feminino na composição familiar; 55% de mulheres L.M. são praticantes, a evangélica (47%); 53% são da raça branca; predomínio da escolaridade nível de ensino fundamental (49%), analfabetismo (9%).
   Observamos mudanças profissionais de antes da LM e pós, de operacionais para manuais. 75% não fumam, 61% fazem uso de bebidas alcoólicas. Apresentaram etiologia traumática (100%), nível lombar (53%), seguido do cervical (27%), torácica (16%) e sacral (4%,).
   Das causas, acidente automobilístico (29%), 12% de queda, em terceiro encontra-se o FAF, levantamento de peso, atropelamento e acidente de motocicleta 8% cada, a quarta foram mergulho em águas rasas e espancamento e, com 2% cada, FAB, práticas de atividades esportivas e queda de objeto sobre a cabeça práticas de esportes radicais, e até espancamento, queda da própria altura, 16% das mulheres, e dentre estas mulheres 94% são idosas. 77% sofreram lesão a mais de quatro anos e apenas 22% abaixo de três anos. 78% das mulheres não utilizam anticoncepcionais. 31% apresentam hipertensão, 22% colesterol e ou trigliceres alterados, 11% diabetes, O aborto foi o de maior prevalência das complicações gestacionais, 6%. Outras doenças, a depressão, com 14% seguida de problemas hormonais e a síndrome do pânico com 6%, em terceiro a talacemia com 4% e câncer de mama, anóxia neonatal, problemas respiratórios e retardo mental com 2% cada.
   Quanto a escala MIF, níveis de dependência destacam-se as atividades de nível 1 (ajuda total), o item locomoção (36%), o controle de esfincteriano (12%), as transferências (10%), a independência completa do item interação social está com escore baixo, 69%, comprovando a exclusão social do deficiente. Independência completa sonora (71%), visual (73%), independência completa para a resolução de problemas (74% apenas), 88% para memória, 90% expressão não vocal e 92% expressão vocal respectivamente. Quanto à escala CSFQ, 90% da população apresenta disfunção sexual em relação a variável prazer, disfunção do orgasmo (90%) disfunção do desejo/freqüência (76%) e 72% disfunção do interesse sexual (72%) e a variável excitação (92%).
   Através do Instrumento IV, observamos os relatos das mulheres com lesão medular entre eles surgiram comentários sobre alterações da sexualidade, da sensibilidade, na vida conjugal, da libido, do orgasmo, da lubrificação vaginal, na percepção da auto-imagem, presença de dor neuropática e no período menstrual; a não busca de auxílio de profissionais; homossexualismo; problemas sexuais do parceiro (companheiro); áreas erógenas sexuais; situações constrangedoras; expectativa de vida sexual, visão da vida sexual; religiosidade na vida sexual.
   O paciente com lesão espinhal, principalmente a mulher, é um tipo de paciente que, pela sua complexidade, suas peculiaridades e escassez de estudos sobre sexualidade feminina, demanda um cuidar específico que permeie as diferentes dimensões sociais, psicológicas e físicas, assegurando um cuidado holístico e a continuidade deste cuidar em domicílio estabelecendo um cuidar e um processo de reabilitação de qualidade.


Fonte: Ser Lesado

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