Células-tronco da polpa dentária promove a regeneração da medula espinhal em ratos
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Lesão medular |
Um grupo
de pesquisadores da universidade de Nagoya, no Japão, acaba de publicar uma
pesquisa muito promissora: a partir de células-tronco (CT) obtidas de polpa
dentária humana – que tem o potencial de diferenciar-se em células ósseas,
cartilaginosas, adiposas e também neurônios em condições especiais de cultivo –
eles conseguiram regenerar a medula espinhal que havia sido seccionada em ratos
adultos e recuperar a função locomotora das suas patas traseiras. O trabalho,
liderado por Minori Ueda, foi publicado na prestigiosa revista The Journal of
Clinical Investigation.
O que tem
mostrado outros estudos pré-clínicos com CT na regeneração da medula?
A
identificação de CT capazes de recuperar a medula espinhal após injúria tem
sido objeto de muita investigação. Na última década células-tronco de
diferentes origens (incluindo CT humanas neurais, CT derivadas de embriões e CT
da medula óssea) foram transplantadas em ratos ou camundongos que haviam
sofrido lesão da medula e seus efeitos foram avaliados. Entretanto as pesquisas
mostraram que essas células tinham uma sobrevida e/ou capacidade de regeneração
reduzida com pouco benefício terapêutico.
Como foi
feita essa nova pesquisa do grupo japonês?
Os
cientistas obtiveram CT da polpa dentária de dentes de leite e de adultos
(dente de siso) e o primeiro passo foi verificar se elas conseguiam se
diferenciar em cultura em células neurais, isto é, se elas expressavam vários
fatores que são característicos de células nervosas. É importante lembrar que
existem vários tipos de células nervosas que são necessários para se recuperar
a função sensorial e motora após uma lesão de medula. Uma vez confirmado que as
CT da polpa dentária expressavam fatores característicos de diferentes células
neurais elas foram transplantadas em ratos imediatamente após esses terem sido
submetidos a uma secção total da medula espinhal. Para verificar se os
resultados dependiam das propriedades das CT da polpa dentária e não da
metodologia empregada os cientistas usaram como controles dois grupos de ratos
submetidos ao mesmo experimento: no primeiro grupo injetaram CT da medula óssea
e no segundo fibroblastos (células derivadas da pele).
Quais
foram os resultados?
Ratos que
haviam sido transplantados com CT de polpa dentária humana – tanto de dente de
leite, como adulto – mostraram uma recuperação muito superior à observada nos
grupos injetados com CT de medula óssea ou fibroblastos. Essa melhoria foi
observada logo após a operação durante a fase aguda da lesão medular. Cinco
semanas após o transplante, os ratos com CT de polpa dentária eram capazes de
locomover as patas traseiras de modo coordenado, enquanto os dois outros grupos
só conseguiam movimentos sutis. De acordo com os pesquisadores, a observação de
que os animais conseguiram recuperar os movimentos sugerem que as CT derivadas
da polpa dentária foram capazes de promover também a regeneração dos axonios,
as terminações nervosas que são projetadas a partir dos neurônios da medula
espinhal.
Em resumo
as perspectivas são otimistas.
As CT
derivadas de polpa dentária mostraram uma capacidade neuroregenerativa
significante quando injetadas em ratos imediatamente após a secção da medula
espinhal . Houve inibição da morte dos neurônios e células da bainha de mielina
(a bainha que recobre as terminações nervosas) após a injúria, regeneração dos
axonios (terminações nervosas) e substituição de oligodendrócitos lesionados
(as células responsáveis pela formação e manutenção das bainhas de mielina) por
oligodendrócitos maduros. Entretanto os pesquisadores reconhecem que esses
resultados só foram obtidos imediatamente após a secção total da medula – o que
certamente não poderá ser avaliado em seres humanos – e não sabemos quais
seriam os resultados em diferentes lesões da medula. De qualquer modo essa
pesquisa abre perspectivas muito otimistas.
Por Mayana
Zatz – mayanazatz.ciencia@gmail.com.
Fonte:
veja.abril.com.br/blog/genetica
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