A bela história de amor do cadeirante Felipe e sua fisioterapeuta Letícia
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Uma história para o dia dos namorados.
Adriana Lage conta a história de amor entre um
cadeirante e sua fisioterapeuta, mostrando que não existem barreiras quando se
ama de verdade.
Vou começar o texto de hoje com uma citação do
grande poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade:
“O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar”.
“O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar”.
O texto de hoje é dedicado a todas as pessoas que
acreditam no poder do amor e também aquelas como minha prima que quase teve um
ataque quando comentei sobre uma tetraplégica que havia se casado e se tornado
mãe. Vale lembrar que, há tempos, as pessoas com deficiência deixaram de ser
taxadas como coitadas, incapazes e assexuadas. Ah, o amor... O que seria do ser
humano sem ele? Essa força avassaladora capaz de jogar por terra todas as
nossas certezas e preconceitos, nos fazendo flutuar mesmo com os pés no chão...
dá muito mais brilho e cor à nossa vida. Embora ainda exista muito preconceito,
acho que, quando o coração bate mais forte, qualquer diferença vira mera
característica do ser amado.
Hoje, vou dividir com vocês mais uma bela história
de amor. Já contei a história dos meus amigos Telma e Gil e, agora, chegou a
vez de falar sobre o Felipe e a Letícia, dois capixabas que nos provam, mais
uma vez, que não existem limites e barreiras quando se ama de verdade. Letícia
Crispi Cabral, 31 anos, fisioterapeuta, moradora de Vitória/ES é noiva do
nadador Felipe Barbosa Ramos, 28 anos, tetraplégico, morador de Serra/ES.
Felipe é cadeirante e está noivo da sua fisioterapeuta Letícia. A história do
Felipe é muito bacana e ele é uma gracinha de pessoa (com todo respeito,
Letícia!). Conheci o Felipe na etapa regional centro-leste do Circuito Brasil
Paraolímpico. Gosto muito de assistir às provas dos nadadores das classes mais
baixas, pois me servem de incentivo e inspiração. Felipe sofreu um acidente de
carro, em 2007, ficando tetraplégico. Com muita força de vontade, paciência,
fé, com o apoio dos amigos e familiares, seguiu em frente. Vale a pena dar uma
olhada nessa bela matéria feita por Antônio César Martins http://nadoparalelobra.blogspot.com.br/2011/05/abraco-ao-tecnico-fairo-e-seus-atletas.html.
A reportagem conta sobre o acidente de Felipe, sua recuperação, a descoberta da
natação, etc. Uma história de superação inspiradora! Bem, vamos ao bate papo
com o casal:
Adriana Lage: Felipe, como se tornou deficiente?
Conte-nos um pouco sobre sua história...Como foi sua recuperação? De onde veio
sua força para seguir em frente?
Felipe Barbosa: Me tornei deficiente, há cinco
anos, após um acidente de carro. Minha força para seguir em frente veio do
apoio de amigos e familiares.
Adriana: Como a natação surgiu em sua vida? O que
ela representa para você?
Felipe: Peguei o telefone de contato com alguém e
fui lá para conhecer.
Adriana: Como vocês se conheceram? Foi paixão à
primeira vista? Falem sobre essa bela história de amor.
Felipe e Letícia: Nos conhecemos na fisioterapia.
Letícia fazia fisioterapia em mim. Primeiramente, ficamos muito amigos e depois
começamos a namorar.
Adriana: Letícia, algum dia, você se imaginou
amando um cadeirante?
Letícia: Não. Nunca pensei nisso.
Adriana: A sexualidade das pessoas com deficiência
ainda é um tema repleto de preconceitos e desconhecimentos. Por exemplo, já
ouvi de uma ex-‘sogra’ que não prestava para o filho dela por ser cadeirante.
Um amigo cadeirante, que tem uma namorada andante, já ouviu essa pérola: “Como
conseguiu fisgar esse mulherão? Deve ter dinheiro sobrando...”. Vocês sofrem ou
já sofreram algum tipo de preconceito como casal? Qual o tratamento recebido
das outras pessoas?
Felipe e Letícia: Preconceito não, até porque não
damos espaço para isso. Mas sempre ouvimos brincadeiras em relação à
sexualidade.
Adriana: Embora a situação esteja melhorando,
sabemos que nosso país ainda não pode ser considerado acessível. Quais as
principais dificuldades enfrentadas pelo casal no dia a dia? Frequentam, com
facilidade, restaurantes, bares, motéis, praças, etc?
Felipe e Letícia: Passamos dificuldade de todos os
tipos: em bares, restaurantes, nas ruas... As coisas têm melhorado, mas ainda
estamos longe de uma boa acessibilidade.
Adriana: Letícia, tenho um amigo cadeirante que
deixa de sair com algumas mulheres por vergonha delas terem que ajudá-lo a sair
da cadeira de rodas, guardá-la no carro, etc. Você lida bem com isso? Existe
alguma diferença entre namorar um cadeirante e um andante? É algum bicho de
sete cabeças?
Letícia: Falo com todos que a cadeira do Felipe não
é problema para nosso relacionamento. Fazemos de tudo um pouco. Lógico que é
trabalhoso, mas é bom.
Adriana: Felipe, como é ser noivo de uma
fisioterapeuta? Ela pega muito no seu pé?
Felipe: É bom, porque às vezes posso explorar um
pouquinho... Pedir um alongamento...
Adriana: Invadindo um cadinho a intimidade de
vocês, por falta de conhecimento, tem gente com a falsa idéia de que pessoas
com deficiência, sobretudo com lesões medulares altas, não possuem vida sexual.
Trata-se de uma redescoberta do sexo. Como lidam/lidaram com isso? É possível
dar e receber prazer?
Felipe e Letícia: Sim, é muito possível e bem
gostoso...
Adriana: Qual o segredo para um relacionamento
duradouro e feliz como o de vocês?
Felipe e Letícia: Muito amor...carinho...respeito.
Adriana: Letícia, como definiria o Felipe? O que
mais te encanta nele?
Letícia: O Felipe para mim é um vencedor,
batalhador... Antes de ser namorada, noiva, sou muito fã dele!!!
Adriana: Felipe, e você? Como definiria a Letícia?
Felipe: Letícia é uma pessoa muito amiga, boa, que
me dá força em tudo que eu faço.
Adriana: Quais são seus planos para o futuro?
Felipe e Letícia: Casar no próximo ano e viajar
bastante.
Adriana: Qual mensagem deixariam para os leitores
da Rede Saci?
Felipe e Letícia: Que a vida é muito fácil de ser
vivida... Nenhum obstáculo é tão grande que não posso ser encarado e
transformado em algo prazeroso.
A história de amor do Felipe e da Letícia nos
mostra que, quando queremos realmente algo, nada nem ninguém são capazes de nos
impedir. Agradeço ao casal por compartilhar essa bela história com os leitores
da Rede Saci, desejando a eles muitas felicidades e sucesso. Felipe, que você
continue ganhando medalhas e mais medalhas e se superando sempre. Obrigadíssima
aos dois!
Para evitar que alguma solteira desesperada fique
de olho gordo em cima do casal, vou terminar o texto de hoje com uma oração
engraçada que ganhei da minha irmã. Ela irá se casar no mês que vem e, após eu
ter ameaçado (por pura brincadeira, pois não estou a procura de um marido!) que
atropelaria, com minha cadeira de rodas motorizada, as mulheres para pegar o
bouquet, ela me deu um Santo Antônio com a seguinte oração:
“Oração à Santo Antônio (Infalível)
Santo Antônio! Santo Antônio! Meu santinho tão queridinho, quero pedir, em segredo, que me arranje um maridinho. Eu quero um moço fagueiro, alto, bonito, valente, que ganhe muito dinheiro e me dê muito presente. Que seja rapaz direito e não tolo atrevido, pois seja assim com o jeito do papaizinho querido. Não é para já, não senhor. Mais dia ou menos dia, mas... seja lá como for, não quero é ficar para titia!”
Santo Antônio! Santo Antônio! Meu santinho tão queridinho, quero pedir, em segredo, que me arranje um maridinho. Eu quero um moço fagueiro, alto, bonito, valente, que ganhe muito dinheiro e me dê muito presente. Que seja rapaz direito e não tolo atrevido, pois seja assim com o jeito do papaizinho querido. Não é para já, não senhor. Mais dia ou menos dia, mas... seja lá como for, não quero é ficar para titia!”
Aos solteiros de plantão, vale lembrar que existem
muitos bons partidos por aí andando sobre rodas, usando bengalas, falando em
Libras... que tal deixar o preconceito de lado e olhar com mais atenção a
cadeirante da academia, o cego da faculdade...??
Fonte: Rede Saci
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