Lei que garante direitos a autistas já está em vigor
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O texto aprovado no Congresso, no entanto, foi
sancionado com vetos. O mais polêmico deles acaba com a previsão de escola
especial para os autistas.
A presidente Dilma Rousseff sancionou, no final do
mês passado, uma lei aprovada pelo Congresso que garante mais
direitos aos autistas. A Lei 12.764/12 assegura aos
autistas os benefícios legais de todos as pessoas com deficiência, que
incluem desde a reserva de vagas em empresas com mais de cem funcionários, até
o atendimento preferencial em bancos e repartições públicas.
“A aprovação da proposta é um mérito do próprio
movimento autista, que se mobilizou em busca dos seus legítimos direitos”,
afirmou a autora do substitutivo aprovado pela Câmara, deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP).
A Lei 12.764/12 institui a chamada Política Nacional de Proteção dos
Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.
Gabrilli apresentou uma emenda, sancionada pela
presidente, que prevê punição para os gestores escolares que recusarem a
matrícula dos alunos com autismo ou qualquer outro tipo de deficiência. O
responsável pela recusa está sujeito a multa de 3 a 20 salários mínimos. Em
caso de reincidência, os gestores podem até perder o cargo.
Vetos
O texto, contudo, foi sancionado com vetos que causaram polêmica entre os
representantes do setor. A presidente retirou do projeto dois dispositivos que
garantem atendimento especial aos alunos que não puderem frequentar a rede
regular de ensino, sempre em função das necessidades de cada estudante.
O argumento do governo é que a possibilidade de
exclusão dos alunos autistas das escolas regulares é contrária à Convenção
Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, da qual o Brasil é
signatário. Segundo o acordo, todas as pessoas com deficiência devem ter acesso
aos ensinos primário e secundário inclusivos.
Mas, para Eloisa Masson, mãe de Vinícius, de nove
anos, o assunto não é tão simples. Vinícius frequentava uma escola privada de
Brasília em classe comum, mas não conseguiu adaptar-se à rotina dos outros
alunos. “Ele circulava, andava, deitava e a professora tinha que dar atenção
para outras 20 crianças. Ele precisava de atenção mais individualizada para que
pudesse, aí sim, estabelecer uma rotina”, explicou Eloisa.
Hoje, Vinícius frequenta uma escola pública com
classes especiais. Essas turmas têm uma média de um professor para cada dois
alunos e as atividades são planejadas de acordo com as necessidades dos alunos
autistas. A ideia é preparar os estudantes para as classes comuns, mas não há
prazo máximo para inclusão. As crianças ficam nas classes especiais até quando
for preciso.
“A grande maioria dos autistas graves necessita da
escola especial. Isso vai fazer falta para essas pessoas, que não se adaptam
facilmente ao sistema regular e precisam de apoio específico”, alertou o
presidente do Movimento Orgulho Autista Brasil, Fernando Cotta. Segundo ele, o
grupo pretende mobilizar parlamentares este ano para tentar mudar a lei
sancionada.
Funcionários públicos
Outro veto acaba com a previsão de horário de
trabalho especial para funcionários públicos que sejam pais ou responsáveis por
pessoas com deficiência. Hoje, a Lei 8.112/90 já assegura um regime de trabalho
especial para os servidores públicos com deficiência. A extensão desse
benefício aos familiares, segundo a presidente, só poderia ocorrer após
iniciativa do próprio Executivo.
Segundo Fernando Cotta, esse veto também prejudica
os autistas: “As famílias precisam ser amparadas pelo Estado para dar suporte a
seus filhos. Mais tempo com a família significa qualidade de vida para os
autistas”.
Fonte: Agência
Câmara Notícias
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