Brasil tem mergulho adaptado com DNA americano!
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A Handicapped Scuba Association, com sede nos Estados Unidos,
existe desde 1981, especializada em mergulho adaptado para pessoas com
deficiência física, visual, auditiva, intelectual e múltipla. O projeto já está
em 45 países e chegou oficialmente ao Brasil em junho, com a fundação da
entidade no Rio de Janeiro/RJ, em assembleia realizada na sede da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB).
A fundadora e presidente de honra da HSA Brasil, além de coordenadora técnica, é Lúcia Sodré, única pessoa no país capacitada pela entidade mãe para formar instrutores. Ela organizou e participou do I Curso de Capacitação Profissional em Megulho Adaptado no Brasil, ministrado por James Gatacre, fundador e presidente da HSA, em agosto de 1991. Professora de Educação Física, especialista em Educação Física Adaptada, já era instrutora de mergulho convencional quando tomou conhecimento do trabalho norte-americano. “Podemos considerar que temos cerca de 10 instrutores no país, aptos a receberem alunos com deficiência a qualquer momento e, os demais, precisam de uma reciclagem", explica Lúcia. "Promover essa reciclagem e a formação de recursos humanos será a principal meta da HSA Brasil nesse campo, pois é imprescindível para o desenvolvimento da atividade. Buscaremos capacitar instrutores por todo Brasil e, dessa forma, viabilizar a participação de muitas pessoas na prática do mergulho adaptado", completa. Ela acredita que o número de formados e certificados em mergulho autônomo no Brasil não deve ultrapassar 200 pessoas.
O mergulho autônomo é uma atividade recreativa e de contemplação. No Brasil, existem apenas competições de fotografia subaquática. Em outros países há competições de navegação subaquática e outras modalidades.
A prática
"Como no mergulho convencional, a fase de adaptação aos equipamentos e ao meio subaquático é o maior desafio. A falta de material didático adequado para pessoas com deficiência visual pode ser um desafio. A falta de profissionais de mergulho fluentes em LIBRAS pode ser uma dificuldade para as pessoas com deficiência auditiva. A falta de acessibilidade dos barcos, das marinas e das pousadas são também desafios para as pessoas com deficiências físicas", explica o diretor-executivo Sérgio Viegas, que trabalha em Campinas/SP.
"O curso envolve três etapas: desenvolvimento de conhecimento, práticas em piscina e práticas em mar. Não existe um tempo estipulado para que as pessoas atinjam o desempenho para praticar a atividade de forma segura e confortável", explica Viegas. Em geral são 44 horas ou mais, se necessário. O aluno participa de seis aulas teóricas, avaliação teórica, oito dias de aulas em piscina ou mais e dois dias de aulas em mar. Frequentemente, um curso tem a duração de 10 dias. O laudo médico, além do atestado médico específico para a prática do mergulho recreativo, é uma exigência para o curso.
Experiências positivas
Beth Canejo é cega desde 1988, devido a glaucoma. Fez o curso em 1996, após ser convidada por Lúcia, que a viu nadando no Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro. "Não tive dificuldade, sou ex-atleta de natação, tanto de piscinas como mar. Desde criança tenho uma boa relação com a água, daí acredito ter tido êxito no curso e na prática do esporte, isso sem falar que as aulas são todas adaptadas", conta.
Para ela, que se queixa apenas dos custos para a prática, como viagens, hospedagem, aluguel de barco, entre outros, megulhar significa "uma enorme sensação de liberdade, aliada a um grande prazer de estar imersa no meio líquido e silencioso do fundo do mar, que me remete ao útero materno. Outro grande prazer, é poder 'ver', com as mãos a vida marinha, é uma sensação indescritível", afirma. Ela ainda deixa um "conselho": "Se gostar de mar, experimente mergulhar, você vai adorar... é show de bolhas !" Luiz Fernando Araujo Filho é paraplégico há 32 anos, mergulha há dois e considera que o mergulho adaptado é um dos caminhos para a inclusão social além de ser um dos mais prazerosos esportes que já praticou. "Feito com pessoas treinadas para nos ajudar pode ser muito fácil e agradável", garante. Ele faz parte, inclusive, do conselho fiscal da entidade.
"Muito mais que a descoberta de um mundo totalmente novo, a prática tem de ser um momento que é direito de todas as pessoas com deficiência, sempre com total segurança e com o conhecimento necessário sobre um esporte que envolve riscos. É como voar em baixo d’água", afirma.
Já Adriana Buzelim é tetraplégica. "Foi a melhor experiência que tive em toda minha vida. A partir do momento que adentramos no universo do mergulho, nossa vida se transforma, abre-se um novo olhar e aí não conseguimos viver mais sem. Queremos, cada vez mais, ousar, experimentar, descobrir", assegura. "É um mundo mágico e viciante, pois em cada mergulho desenvolvemos mais nossas habilidades e conquistamos novas experiências, além de conhecer pessoas, que viram companheiros de emoção", diz Adriana que até já viajou para a ilha de Bonaire, no Caribe, para mergulhar.
Rita Lemgruber é instrutora no Canadá, depois de ter feito o curso de mergulho com Viegas e outro da HSA em Ottawa, para instrutores. No país desde 1996, ela trabalha como engenheira em uma grande companhia e é voluntária da entidade Freedon at Depth, dando cursos e mergulhando com pessoas que precisam de acompanhantes: "para algumas pessoas talvez seja estranho o trabalho voluntário nessa área mas só o sorriso de uma pessoa com deficiência durante e após o mergulho já é o pagamento que preciso", afirma.
Para mais informações sobre a HSA Brasil, acesse o site: www.facebook.com/hsabrasil ou e-mail: luciasodre@gmail.com
Fonte: Revista Reação
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