Basquete em cadeira de rodas

    Se você tem alguma deficiência física, saiba que pode conquistar uma série de benefícios para o corpo e a saúde jogando basquetebol em cadeira de rodas primeira modalidade paraolímpica a ser praticada no Brasil. Homens e mulheres com deficiência em membros inferiores (amputados, lesados medulares traumáticos, congênitos, quem adquiriu poliomielite, entre outros) podem praticar esse esporte, inclusive as crianças.

    Daniela Oliva, professora do curso de fisioterapia da Universidade do Contestado, em Concórdia (SC), diz que o basquete sobre rodas melhora o desempenho cardiovascular e pulmonar, o controle dos movimentos e a coordenação motora, além dos ganhos em equilíbrio, força muscular e agilidade nos membros superiores. "Esse esporte, além de favorecer a motricidade e a autoestima, desenvolve as potencialidades organofuncionais e a autonomia locomotora em cadeira de rodas", complementa.

    A fisioterapeuta explica que, como o corpo dos paratletas fica preso à cadeira por faixas, as musculaturas do tronco e membros superiores são as mais trabalhadas. "Exige-se muito dos músculos abdominais reto e oblíquos, paravertebrais, peitorais, grande dorsal, romboides, deltoides, bíceps, tríceps, extensores e flexores de punho, além da musculatura dos dedos e das mãos. Enquanto o corpo está em funcionamento, o sistema muscular necessita de mais oxigenação, que é proporcional ao trabalho aeróbico".

    Daniela afirma que todos os praticantes são beneficiados, independente do tipo e grau de lesão provocada pela deficiência. "Um tetraplégico (com paralisia parcial nos quatro membros), com maior comprometimento nos membros inferiores e tronco, pode ter seus movimentos nos membros superiores melhorados significativamente. Já um amputado de coxa apresentará equilíbrio na posição sentada e progressão em relação à atrofia e à força da musculatura do coto. Já um paraplégico com lesão torácica certamente terá melhoras no controle de tronco", exemplifica.

    Alexandre Rodrigues, coordenador de basquete da Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos (Andef), observa que a modalidade assegura mais resistência e disposição para tarefas diárias, facilitando as transferências da cadeira para a cama e outras superfícies, e maior controle da bexiga e intestino.

   Quem quer começar a jogar deve obter autorização médica. Conforme Daniela Oliva, quem adquiriu a deficiência física, no caso de lesões medulares, pode começar a praticar basquete sobre rodas a partir da liberação para rotações de tronco, flexões e extensões da coluna, e após a consolidação óssea. Nos casos de amputações de membros inferiores, a modalidade está liberada a partir da cicatrização. A prática deve ser evitada em casos pós-cirúrgicos, de doenças cardíacas sem acompanhamento médico e na gestação.

    As recomendações para quem pratica basquete sobre rodas são as mesmas de outras modalidades esportivas, isto é, ter alimentação adequada e evitar bebidas alcoólicas e tabagismo. Mas há cuidados específicos, principalmente em relação aos movimentos de tronco. "Rotações exageradas em pessoas com lesões medulares, que receberam implantes (fixadores) metálicos na coluna vertebral, podem acarretar dores e até mesmo danos à cirurgia. Movimentos repetitivos e grande esforço de membros superiores também podem gerar dores e lesões em ombros. Por isso, é importante realizar aquecimento, alongamento e fortalecimento muscular continuamente", diz a fisioterapeuta. O ideal é que a prática do basquete ocorra três vezes por semana, ao menos uma hora por dia.

Serviços

ADD (Associação Desportiva para Deficientes) 
www.add.org.br / (11) 5011-9922

ADFP (Associação dos Deficientes Físicos do Paraná)
www.adfp.org.br / (41) 3264-7234

Águias de Concórdia (Associação de Portadores de Deficiência Física Águias de Concórdia) 
www.aguiasconcordia.com.br / (49) 3442-2029

Andef (Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos)
www.andef.org.br / (21) 3262-0050

Fonte: Revista Sentidos