Ginástica inclusiva
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Exercício criado para pessoas com e sem deficiência promete boa forma e inclusão
Por Miriam Temperani
Qualidade de vida e boa forma para todos! Essa é a proposta da “Moving Chair”, primeira aula feita especialmente para as pessoas com mobilidade reduzida. Criada pelo professor de educação física e de tae kwon do Cleuton Nunes, de 30 anos, a aula foi apresentada pela primeira vez na 20ª Fitness Brasil, realizada em maio na cidade de Santos, São Paulo.
Após sofrer um acidente de moto em que perdeu as duas pernas, Nunes passou a vivenciar uma nova realidade em que a atividade física não fazia parte dela e resolveu mudar essa situação. “Percebi que os cadeirantes ativos necessitavam de melhor condicionamento físico em seu cotidiano, tornando os obstáculos fáceis, inspirando a uma atividade física que não viesse apenas do esporte e que pudesse fazer parte dos movimentos de inclusão”, relata. Foi assim que nasceu a aula que integra todos. O nome “Moving Chair”, que numa tradução livre seria “cadeira móvel”, tem tudo para fazer sucesso, junto com os benefícios que ela proporciona.
Muito dinâmica, a aula mescla movimentos do boxe e do pilates, trabalhando principalmente os membros superiores. Realizada com músicas empolgantes e acessórios como cordas e elásticos, ela trabalha o corpo, a força e o equilíbrio, permitindo mais controle do tronco sobre a cadeira, o que facilita na locomoção e nas tarefas funcionais do dia a dia. “O fortalecimento da musculatura faz com que a pessoa com deficiência tenha mais funções e controle do corpo, e que suas atividades em ambiente aberto sejam realizadas com maior destreza, deixando-a cada vez mais independente nas suas obrigações e passeios”, diz Cleuton. A atividade é praticada em grupo e isso proporciona o benefício de integração social, o aumento da autoestima, a qualidade de vida e bem-estar. Para quem não possui deficiência, os exercícios melhoram a postura, o condicionamento físico e o fortalecimento cervical.
Paulo Oliveira, ferramenteiro, 29 anos, que participou da elaboração dos exercícios ao lado do professor, e há dois meses pratica esse esporte, ganhou maior controle de tronco para as transferências da cadeira de rodas para cama e carro. “Outro benefício é o trabalho da musculatura que é percebido nos primeiros treinos”, relata Oliveira.
Para Cleuton Nunes, o importante, e mais difícil, é a decisão de iniciar. “O ideal é não ter medo de começar. Dificuldades todos enfrentam, tendo limitações físicas ou não. O que importa é se libertar e se despir de preconceitos, tanto próprios quanto externos”.
Acessos aos locais
A acessibilidade requer mais que vagas em estacionamentos e ruas adaptadas, ela tem que permitir que a pessoa com deficiência vá para qualquer lugar e possa fazer o que quiser a hora que quiser. Mas, hoje, poucas academias têm instalações, equipamentos e professores treinados para que possam receber pesso- as com deficiência.
A academia Companhia Athletica, em São Paulo, possui equipamentos que se ajustam à pessoa com deficiência. Além disso, os treinos são acompanhados e focados nas necessidades individuais de cada um. Segundo o gerente técnico de musculação e especialista em fitness, Wilmar Villas, a importância de um treino adaptado é melhorar a aptidão física para as atividades diárias, aumentando a qualidade dos mo- vimentos, assim como o bem-estar. “A personalização do treinamento é importante devido às características do tipo físico, desequilíbrios e assimetrias musculares”, explica Villas. Iniciativas como esta precisam ser seguidas em mais academias pelo país.
A aula criada pelo professor de educação física, por enquanto, só é apreciada pelos pacientes do instituto Lucy Montoro, mas já existem projetos de levar para academias interessadas e até a produção de um vídeo para que o cadeirante treine em casa.
Serviços
Instituto Lucy Montoro
(11) 3663-3566
Cleuton Nunes
Academia Companhia Athletica
(11) 5506-3000
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