Campeão brasileiro de xadrez para pessoa com deficiência visual 2010
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André Rezende, deficiente visual, conta sua trajetória até o campeonato nacional.
André Rezende Marques
Jogar xadrez com a perda da visão há alguns anos me parecia uma coisa muito distante; ainda morando em uma pensão arrisquei umas partidas somente dizendo anotação dos lances aos adversários e companheiros de quarto. Claro que todos tinham um nível de jogo muito fraco e não serviu de referência para quase nada a não ser para lembrar que eu ainda gostava de xadrez. Faz três anos que um amigo disse que ia fazer um jogo adaptado no computador, grande Luiz Eduardo... Terminei por fazer todo o manual deste jogo. Na mesma época do anuncio do Xadvirt, que era o programa feito pelo Luiz, o campeão Roberto Carlos Hengles ia ministrar um curso básico de xadrez, tudo caminhava para o retorno ao mundo mágico das 64 casas.
Comecei o curso e algumas aulas depois, o Sr. Roberto não pôde mais continuar. Assim resolvi eu assumir o curso. Eu já havia descoberto que as peças não cairiam do tabuleiro porque o mesmo podia ter furos e pinos para encaixe nas peças, também que com uma diferenciação tátil se distinguia brancas de negras.
Com os alunos do CADEVI formei uma família que me fez aprender para ensinar, que me fez reconhecer o crescimento individual dos que estavam ao meu redor e que se tornaram ótimos companheiros de viagens. Tudo foi conspirando a favor, conheci uma galera no centro cultural Vergueiro que jogava xadrez todo dia, criei com o amigo Bronislaw matchs incríveis durante estes anos e fiz umas aulas de final com o professor Mello. Mais tarde apareceu meu anjo da guarda no tabuleiro, Sérgio Luiz Mazetto, este se tornou amigo, treinador, companheiro de partidas e viagens.
Um parêntese nesta trajetória é para dizer que a trajetória era possível porque minha esposa Ana Lúcia me ageentava durante todo o tempo e ser mulher de enxadrista é coisa pra se premiar todo dia.
Começaram os torneios e os resultados foram melhorando passo a passo. A rede de relacionamento com o xadrez não parou de crescer em nenhum momento sequer. Em 2010 fiquei muito bem classificado em todas as etapas do nacional e pude inclusive participar de um pan-americano. Fui classificado em terceiro lugar para participar da fase final da Copa Brasil de Xadrez para Deficiente Visual que ocorreu em Brasília dias 17, 18 e 19 de dezembro de 2010.
O torneio foi muito difícil, joguei em 5 partidas com os 4 melhores do rating nacional, e em alguns momentos tive muita sorte, especialmente na última partida onde eu estava completamente perdido e o adversário me permitiu um pleno ganhador. Foi complicado jogar uma partida com o Rodrigo que é meu amigo; foi duríssima a partida que empatei com o Roberto Hengles, que já é uma lenda do xadrez para pessoa com deficiência visual, e foi muito impressionante em todos os momentos eu acreditar que podia!
Hoje sei que o xadrez é acessível, que o computador pode ajudar e muito, porém agora é hora de lutar pela democratização deste jogo e para que ele possa chegar cada vez mais a todos que o queiram como recreação, competição, módulo de apoio ao ensino e simplesmente também aquele que queira matar a curiosidade de conhecer...
O bom de ter me tornado campeão é reconhecer quanta gente me carregou até o troféu, então termino esta agradecendo a Deus, a minha mãe Lucinéa, a minha esposa Ana e a todos meus amigos citados e não citados acima. Somos campeões!
Fonte: Rede SACI - 22/12/2010
Imagem: Internet
Comecei o curso e algumas aulas depois, o Sr. Roberto não pôde mais continuar. Assim resolvi eu assumir o curso. Eu já havia descoberto que as peças não cairiam do tabuleiro porque o mesmo podia ter furos e pinos para encaixe nas peças, também que com uma diferenciação tátil se distinguia brancas de negras.
Com os alunos do CADEVI formei uma família que me fez aprender para ensinar, que me fez reconhecer o crescimento individual dos que estavam ao meu redor e que se tornaram ótimos companheiros de viagens. Tudo foi conspirando a favor, conheci uma galera no centro cultural Vergueiro que jogava xadrez todo dia, criei com o amigo Bronislaw matchs incríveis durante estes anos e fiz umas aulas de final com o professor Mello. Mais tarde apareceu meu anjo da guarda no tabuleiro, Sérgio Luiz Mazetto, este se tornou amigo, treinador, companheiro de partidas e viagens.
Um parêntese nesta trajetória é para dizer que a trajetória era possível porque minha esposa Ana Lúcia me ageentava durante todo o tempo e ser mulher de enxadrista é coisa pra se premiar todo dia.
Começaram os torneios e os resultados foram melhorando passo a passo. A rede de relacionamento com o xadrez não parou de crescer em nenhum momento sequer. Em 2010 fiquei muito bem classificado em todas as etapas do nacional e pude inclusive participar de um pan-americano. Fui classificado em terceiro lugar para participar da fase final da Copa Brasil de Xadrez para Deficiente Visual que ocorreu em Brasília dias 17, 18 e 19 de dezembro de 2010.
O torneio foi muito difícil, joguei em 5 partidas com os 4 melhores do rating nacional, e em alguns momentos tive muita sorte, especialmente na última partida onde eu estava completamente perdido e o adversário me permitiu um pleno ganhador. Foi complicado jogar uma partida com o Rodrigo que é meu amigo; foi duríssima a partida que empatei com o Roberto Hengles, que já é uma lenda do xadrez para pessoa com deficiência visual, e foi muito impressionante em todos os momentos eu acreditar que podia!
Hoje sei que o xadrez é acessível, que o computador pode ajudar e muito, porém agora é hora de lutar pela democratização deste jogo e para que ele possa chegar cada vez mais a todos que o queiram como recreação, competição, módulo de apoio ao ensino e simplesmente também aquele que queira matar a curiosidade de conhecer...
O bom de ter me tornado campeão é reconhecer quanta gente me carregou até o troféu, então termino esta agradecendo a Deus, a minha mãe Lucinéa, a minha esposa Ana e a todos meus amigos citados e não citados acima. Somos campeões!
Fonte: Rede SACI - 22/12/2010
Imagem: Internet
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