Natação adaptada
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Um esporte completo e para todos
De acordo com especialistas, a prática da natação é uma atividade com grandes possibilidades de resultado eficaz na reabilitação de pessoas com os mais variados tipos de deficiências. O esporte pode ser praticado por pessoas com deficiências física, intelectual, auditiva e visual, e inclusive por quem tenha uma lesão medular total. Murilo Barreto, coordenador técnico da natação paraolímpica brasileira, explica que esse esporte aquático pode contribuir para dar autonomia à pessoa com deficiência, mas diz que algumas medidas devem ser tomadas antes do início das aulas: “A natação aumenta a força e a resistência, ajudando a pessoa a ter mais autonomia. Além disso, a prática de esportes ajuda também na sociabilidade e melhoria da autoestima. Qualquer pessoa com deficiência pode nadar, apenas temos que observar, em alguns casos, que o professor precisa entrar na água para auxiliar o aluno, tendo sempre atenção à segurança dele. Um exame pré-atividade é recomendado, assim como para qualquer pessoa que inicia uma atividade física. Mesmo quem tem uma lesão medular total pode praticar o esporte, podendo deixar a cadeira de rodas ou órtese de lado para fazer um deslocamento utilizando a flutuação na água, e os membros, ainda em movimento, darão uma sensação de alívio”, esclarece o técnico.
Para uma prática segura do esporte, as adaptações são fundamentais, segundo o técnico: “As adaptações são importantes tanto para o aluno tanto para o técnico. A entrada e saída da piscina é um momento de muito cuidado, pois tanto o aluno pode se machucar, quanto o professor (caso tenha de carregá-lo). Os elevadores de piscina podem ser bastante eficientes para resolver esse possível problema. As academias, escolas, condomínios e clubes têm que se preparar para receber esses alunos, pois ainda temos, em nosso país, piscinas construídas com um formato mais antigo, com bordas altas e pouca acessibilidade, assim como professores que não se acham capazes de realizar um trabalho específico para esse público”, considera Barreto. “O movimento de nadar significa, para a pessoa com deficiência, um momento de liberdade, momento este em que consegue movimentar-se livremente, sem auxílio de bengalas, muletas, pernas mecânicas ou cadeiras de rodas. O movimento livre lhe propicia a possibilidade de experimentar suas potencialidades, de vivenciar suas limitações, isto é, conhecer a si próprio, confrontar-se consigo mesmo, quebrar as barreiras”, afirma Barreto.
Para pessoas com paralisia cerebral, a natação oferece benefícios com relação à adequação do tônus acentuado, potencializando os movimentos antes restritos pelos músculos tensos, permitindo a aprendizagem de atividades globais voluntárias e motivadoras. Na musculatura e no aparelho locomotor, ocorrerá uma melhora na irrigação sanguínea. Com a contração e o relaxamento muscular observados nessa prática esportiva, haverá estímulos necessários para o desenvolvimento da musculatura e melhora na postura corporal.
Em pessoas com deficiência física, a natação promove o desenvolvimento da sensibilidade e da percepção corporal, levando-as a terem noção do seu próprio corpo e do espaço, dos seus limites e suas possibilidades. Os aspectos motivacionais e propriedades terapêuticas da água estimulam o desenvolvimento da aprendizagem cognitiva e o poder de concentração, pois o aprendiz busca compreender o movimento do seu próprio corpo, explorando as várias formas de se movimentar, adaptando suas limitações às propriedades da água.
Naquelas pessoas com grande dificuldade de equilíbrio e desenvolvimento da marcha, as características peculiares da água, como alta viscosidade, espessura e eliminação da gravidade vão contribuir para a realização de exercícios de educação e reeducação motora, proporcionando-lhes maior segurança na execução dos movimentos.
Nadar também tem um grande valor terapêutico para pessoas com lesão medular, no que se refere à redução da espasticidade e de contraturas. Com relação às lesões incompletas, pessoas que apresentam músculos esparsos enfraquecidos e sensação de áreas descontínuas podem obter força e coordenação por meio do nado.
Já para pessoas com deficiência visual, a natação pode ajudar a compreender o espaço, desenvolvendo a sua autopercepção, o autoconhecimento corporal e, por intermédio dos desafios propostos, acelerar o despertar dos sentidos, proporcionando um desenvolvimento psicomotor.
De acordo com especialistas, a prática da natação é uma atividade com grandes possibilidades de resultado eficaz na reabilitação de pessoas com os mais variados tipos de deficiências. O esporte pode ser praticado por pessoas com deficiências física, intelectual, auditiva e visual, e inclusive por quem tenha uma lesão medular total. Murilo Barreto, coordenador técnico da natação paraolímpica brasileira, explica que esse esporte aquático pode contribuir para dar autonomia à pessoa com deficiência, mas diz que algumas medidas devem ser tomadas antes do início das aulas: “A natação aumenta a força e a resistência, ajudando a pessoa a ter mais autonomia. Além disso, a prática de esportes ajuda também na sociabilidade e melhoria da autoestima. Qualquer pessoa com deficiência pode nadar, apenas temos que observar, em alguns casos, que o professor precisa entrar na água para auxiliar o aluno, tendo sempre atenção à segurança dele. Um exame pré-atividade é recomendado, assim como para qualquer pessoa que inicia uma atividade física. Mesmo quem tem uma lesão medular total pode praticar o esporte, podendo deixar a cadeira de rodas ou órtese de lado para fazer um deslocamento utilizando a flutuação na água, e os membros, ainda em movimento, darão uma sensação de alívio”, esclarece o técnico.
Para uma prática segura do esporte, as adaptações são fundamentais, segundo o técnico: “As adaptações são importantes tanto para o aluno tanto para o técnico. A entrada e saída da piscina é um momento de muito cuidado, pois tanto o aluno pode se machucar, quanto o professor (caso tenha de carregá-lo). Os elevadores de piscina podem ser bastante eficientes para resolver esse possível problema. As academias, escolas, condomínios e clubes têm que se preparar para receber esses alunos, pois ainda temos, em nosso país, piscinas construídas com um formato mais antigo, com bordas altas e pouca acessibilidade, assim como professores que não se acham capazes de realizar um trabalho específico para esse público”, considera Barreto. “O movimento de nadar significa, para a pessoa com deficiência, um momento de liberdade, momento este em que consegue movimentar-se livremente, sem auxílio de bengalas, muletas, pernas mecânicas ou cadeiras de rodas. O movimento livre lhe propicia a possibilidade de experimentar suas potencialidades, de vivenciar suas limitações, isto é, conhecer a si próprio, confrontar-se consigo mesmo, quebrar as barreiras”, afirma Barreto.
Para pessoas com paralisia cerebral, a natação oferece benefícios com relação à adequação do tônus acentuado, potencializando os movimentos antes restritos pelos músculos tensos, permitindo a aprendizagem de atividades globais voluntárias e motivadoras. Na musculatura e no aparelho locomotor, ocorrerá uma melhora na irrigação sanguínea. Com a contração e o relaxamento muscular observados nessa prática esportiva, haverá estímulos necessários para o desenvolvimento da musculatura e melhora na postura corporal.
Em pessoas com deficiência física, a natação promove o desenvolvimento da sensibilidade e da percepção corporal, levando-as a terem noção do seu próprio corpo e do espaço, dos seus limites e suas possibilidades. Os aspectos motivacionais e propriedades terapêuticas da água estimulam o desenvolvimento da aprendizagem cognitiva e o poder de concentração, pois o aprendiz busca compreender o movimento do seu próprio corpo, explorando as várias formas de se movimentar, adaptando suas limitações às propriedades da água.
Naquelas pessoas com grande dificuldade de equilíbrio e desenvolvimento da marcha, as características peculiares da água, como alta viscosidade, espessura e eliminação da gravidade vão contribuir para a realização de exercícios de educação e reeducação motora, proporcionando-lhes maior segurança na execução dos movimentos.
Nadar também tem um grande valor terapêutico para pessoas com lesão medular, no que se refere à redução da espasticidade e de contraturas. Com relação às lesões incompletas, pessoas que apresentam músculos esparsos enfraquecidos e sensação de áreas descontínuas podem obter força e coordenação por meio do nado.
Já para pessoas com deficiência visual, a natação pode ajudar a compreender o espaço, desenvolvendo a sua autopercepção, o autoconhecimento corporal e, por intermédio dos desafios propostos, acelerar o despertar dos sentidos, proporcionando um desenvolvimento psicomotor.
EXEMPLO
O paulista André Brasil chegou a cinco medalhas de ouro no Mundial da Holanda, depois de ganhar os 100 metros costas, também com novo recorde mundial: ele fez 1min00s55, superando o antigo tempo de 1min01s03, sendo ainda o atual recordista mundial nos 50, 100 e 800 metros livre e nos 50 e 100 metros borboleta. André começou a prática do esporte muito cedo, aos três meses de idade, depois da descoberta da paralisia infantil, por indicação médica. Aos nove anos, começou a participar de competições. O atleta, que está nas piscinas há quase 18 anos, compete nas classes S10, SB9 e SM10. “Tenho uma sequela de poliomielite. Minha deficiência é mais visível do joelho para baixo e acometeu os músculos da perna esquerda. Tenho pouca mobilidade no pé esquerdo e uma diferença de quase 5 cm de uma perna para outra”, esclarece o nadador paulista.
André conta que o nado foi fundamental para sua recuperação e inclusão social. “A natação teve um papel fundamental na minha reabilitação, fez parte do meu processo para andar. Se hoje consigo me locomover, mesmo que mancando, pela diferença de uma perna para a outra, é graças às sete cirurgias que fiz, a tratamentos experimentais, na época, à natação e à fé de minha família, principalmente de meus pais. Hoje a natação é meu trabalho e proporciona a minha independência. Posso gozar do direito de ir e vir, sem me preocupar com as barreiras arquitetônicas, que alguns amigos que estão em cima de uma cadeira de rodas têm que enfrentar no dia a dia”, comemora o astro paraolímpico.
O nadador destaca que nas competições se sente igual aos atletas olímpicos, nas mesmas condições. “A natação adaptada é o esporte mais lindo de se ver, pois não tem nenhum tipo de adaptações. Corpos à mostra, sem órteses ou próteses que auxiliem a pessoa a nadar. Porém, para muitos em nosso mundo preconceituoso, ainda é muito feio, pois são corpos muitas vezes mutilados (faltando pedaços, como alguns dizem) ou sem movimento, tentando, de alguma maneira, se mover dentro d’água. Mas, para mim, não fugimos da essência do atleta. Por isso, a beleza e o significado de força e determinação prevalecem”, desabafa o recordista mundial.
André Brasil, brasileiro até no nome, sonha com um futuro melhor para as pessoas com deficiência, no país. “Acho que todos nós temos algum tipo de deficiência. Algumas visíveis, outras não. Alguns enxergam, outros não. Alguns têm deficiência de caráter, outros de amor, outros até de dinheiro. Nós temos uma passagem tão rápida por este mundo... Vamos mostrar a todos que somos um só Brasil. Vamos criar oportunidades de trabalho, vamos batalhar por uma saúde e educação melhores para todos, em nosso país. Vamos provar para nós mesmos que somos capazes, basta querer! Minha mãe disse algo para mim que é como se fosse um lema em minha vida: ‘A vida não é perfeita, mas quem nesta vida é? Acredite, Lute e batalhe’”, incentiva o medalhista.
A natação paraolímpica brasileira obteve resultados excepcionais em competições internacionais, nos últimos anos, com atletas como Clodoaldo Silva, conhecido como Tubarão Paraolímpico, que conquistou seis medalhas de ouro em Atenas (2004) e tem quatro recordes mundiais no currículo. Outro destaque é o jovem Daniel Dias, de apenas 22 anos, que conquistou oito medalhas de ouro no Mundial Paraolímpico de Natação da Holanda, em 2010, e conseguiu um recorde mundial, ao ganhar a prova dos 100 metros livre, com 1min10s24 – a marca anterior era de 1min10s56.
BOX
Nas competições paraolímpicas, podem competir atletas com diversos tipos de deficiências, em provas como as dos 50 m aos 400 m no estilo livre e dos 50 m aos 100 m nos estilos peito, costas e borboleta. O medley é disputado em provas de 150 m e 200 m. As provas são divididas nas categorias masculino e feminino, seguindo as regras do IPC Swimming, órgão responsável pela natação no Comitê Paraolímpico Internacional – COI.
As piscinas utilizadas pelos atletas com deficiência são as mesmas que os demais competidores utilizam, sem adaptações. Estas são feitas apenas nas regras de competição e classificação, nas largadas, viradas e chegadas. Os nadadores com deficiência visual total recebem um aviso do tapper, por meio de um bastão com ponta de espuma segurado pelo técnico, quando estão se aproximando das bordas, a fim de evitar algum acidente. A largada também pode ser feita da água, no caso de atletas que não conseguem sair do bloco. As baterias são separadas de acordo com o grau e o tipo de deficiência. As principais mudanças da regra para a natação paraolímpica são: na largada, o atleta que apresentar problemas de equilíbrio poderá ter auxílio de somente um voluntário, para equilibrar-se sobre a plataforma de largada, recebendo apoio pelos quadris, mãos ou braços.
Os atletas podem ser auxiliados no bloco ou dentro da água, mas não podem receber auxílio na propulsão da saída. O atleta paraolímpico é submetido à equipe de classificação, que procederá à análise de resíduos musculares por meio de testes de força muscular, mobilidade articular e testes motores (realizados dentro da água). Vale a regra de que quanto maior a deficiência, menor o número da classe. As classes sempre começam com a letra S (swimming), e o atleta pode ter classificações diferentes para o nado peito (SB) e o medley (SM).
É utilizado um sistema de classificação funcional, que se baseia no potencial residual do atleta e não nas suas limitações motoras. O Sistema de Classificação Funcional da Natação – FCS-SW procede a cálculos numéricos para definir a capacidade locomotora. O método é expresso em modelos que demonstram a variação na eficácia da propulsão de nadadores com diferentes capacidades locomotoras. A capacidade de locomoção do nadador é avaliada no teste de banco. Após este, o atleta será avaliado na piscina, nadando, o que constitui o teste de água. Toda capacidade locomotora é examinada para determinação de pontos para o teste da força muscular; determinação de pontos para o teste de coordenação; determinação de pontos para a mobilidade articular e medição do membro amputado (se houver) e do tronco.
Por Leandra Vianna
Sugestão: Livro Natação Adaptada - Em Busca do Movimento com Autonomia/Greguol, Márcia
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