Moda e inclusão: soluções para o guarda-roupa de um deficiente visual
Compartilhe
Acompanhem a história de uma consultoria de estilo que mudou a vida de empresário, trazendo praticidade e autoconfiança.
Poucas roupas no guarda-roupa, porém todas escolhidas planejadamente. Um bom corte, o caimento adequado ao tipo de silhueta, diversas peças que combinem entre si, os chamados coringas. Setenta por cento das prateleiras do armário com vestes para o trabalho e as demais para as horas de lazer. Essas soluções mudaram a vida do empresário Carlos Wolke, 39 anos. Não apenas porque ele, sendo deficiente visual, tinha dificuldades em se vestir apropriadamente antes de conhecer o serviço de consultoria de estilo, mas especialmente por ter entendido que a imagem pessoal é importante para autoconfiança e a moda é grande aliada para passar a mensagem correta de quem você é.
Ingrid considera seu trabalho gratificante: “Essa é uma experiência nova e muito gratificante em todos os sentidos. Tu vês alguém que realmente melhorou a imagem, que confia em ti. E isso é muito legal, porque é uma troca. Acho que meus olhos olham por ele em algumas coisas e acho que isso é legal.” Carlos é o único cliente com necessidades especiais de Ingrid, mas ela está aberta para atender a todos, e pensa como poderia melhor atender um cadeirante. A questão da prova de roupa seria um ponto importante: “Tu tens que trazer a loja até o cliente, tem que levar as roupas para provar no cliente, na casa dele”, imagina a personal stylist.
![]() |
| É Carlos quem confecciona as plaquinhas em braille. |
![]() |
| De um lado da plaquinha o nome e cor da peça é escrito à caneta e do outro lado em braille. |
![]() |
| Cada roupa tem seu cabide com a plaquinha em braille indicativa |
![]() |
| Texto com indicações das combinações é impresso e fixado no interior do armário para que a diarista saiba como organizar |
Roupas íntimas todas em preto evitam qualquer confusão no vestir
Conheça um pouco da história de Carlos Wolke é natural de Rolante mas vive em Taquara. Ele ficou cego há sete anos, por causa da Retinose Pigmentar, uma doença que ocorre nas células da retina com lesões progressivas, afetando os dois olhos. Ele foi perdendo a visão desde criança e aos 20 anos o oftalmologista informou-lhe de que, em algum momento, a cegueira viria. Por causa da certeza que um dia deixaria de enxergar, Carlos vivia tenso, temeroso de que esse dia chegasse a qualquer momento. Evitava ao máximo sair de casa. “Até que eu fiquei cego. Daí passou, saiu um peso dos ombros. Aí comecei a aceitar ajuda de amigos, botar a mão no ombro pra sair na rua ou coisa assim”, desabafa.
O empresário começou a fazer tratamento psicológico para aceitar as mudanças, e segue com a terapia. Seu filho, hoje com 9 anos, o ajuda em algumas coisas em casa. Para o seu dia-a-dia, o computador é essencial. O software Virtual Vision lê o que está escrito nas telas, o mesmo ocorre no celular, com o softwarwe Talks. A bengala e a calculadora que fala também estão sempre com ele. Atualmente, sua empresa tem um setor específico com projetos para inclusão social. Está produzindo um leitor de textos portátil, que vai poder auxiliar no cotidiano de um deficiente visual, inclusive lendo dinheiro. O aparelho está em fase de desenvolvimento, ainda sem previsão de lançamento. “Primeiro é aceitação do problema, segundo aceitar ajuda e buscar superar o problema . Foi basicamente o que eu fiz. Eu sei que muita gente não tem condições de fazer um tratamento psicológico, que é caro. Pra mim foi muito dificil no inicio, mas eu percebi que seria muito importante. Então é isso, é enfrentar, não se acomodar. É perceber que pessoas com deficiência tem capacidade pra fazer, não tudo, mas muita coisa. É estabelecer seus objetivos e ir atrás deles”.
![]() |
| Ingrid mostra as plaquinhas em braille que identificam as roupas. |
![]() |
| Carlos organiza as roupas no roupeiro. |
Fotos: Ingrid Sauer, Divulgação.
Fonte: http://moda-e-beleza.hagah.com.br/
Fonte: Blod Inclusão também é moda







Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu Comentário é muito importante para nós.