A matéria abaixo foi extraída do site português “Ciência Hoje“.
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Rui Costa participou no estudo |
Neurocientistas
da Fundação Champalimaud e da Universidade de Berkeley (Califórnia, EUA) acabam
de demonstrar que os circuitos cerebrais utilizados para aprender habilidades
motoras, como andar de bicicleta ou guiar, podem ser utilizados para
desenvolver tarefas puramente mentais, até mesmo as arbitrárias.
As
experiências recentes demonstram um novo nível de flexibilidade no cérebro
permitindo acreditar que o controle de uma prótese (interface cérebro-máquina-
IMC), pode passar a ser completamente normal porque essa aprendizagem está a
usar os circuitos cerebrais existentes para o controlo motor natural.
As
conclusões deste estudo, publicado hoje na revista Nature, indicam que podem
vir a ser criadas próteses, controladas mentalmente, para restaurar a
mobilidade a pessoas que sofram lesões medulares, acidentes vasculares
cerebrais, com deficiência nos membros ou com doença de Lou Gehrig.
O estudo
foi conduzido por investigadores da Universidade de Berkeley, e do Programa de
Neurociência da Fundação Champalimaud, em Lisboa.
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Actualmente,
os investigadores que desenvolvem neuropróteses tipicamente tentam descodificar
os circuitos cerebrais utilizados na circulação natural, a fim de imitar o
padrão para o controlo de uma prótese. Este novo estudo sugere que é possível
treinar uma parte do cérebro para fazer algo que normalmente não faz – um
conceito chamado de plasticidade – ampliando assim a gama de próteses potenciais
que podem ser controladas apenas pelo pensamento.
Embora a
capacidade dos circuitos cerebrais específicos para incorporar diversas
habilidades físicas tenha sido demonstrada antes, não ficou claro se essa
plasticidade poderia ser alargada à aprendizagem de habilidades abstratas, como
por exemplo jogar xadrez. Estudos anteriores falalharam em excluir o papel do
movimento físico da aprendizagem para usar uma prótese.
“É como
mudar as regras do jogo”, refere Rui Costa, da Fundação Champalimaud, prémio
Seeds of Science 2010 na categoria Ciências da Vida. . “O cérebro pode aprender
regras abstratas arbitrárias muito rapidamente e usar a plasticidade dos
circuitos cerebrais para se adaptar a essas regras.”
“Isso é
fundamental para pessoas que não podem se mover”, afirma Jose Carmena, que
também é co-diretor do Berkeley-UC UCSF Center for Neural Engineeering and
Prosthesis. “A maioria dos estudos interface cérebro-máquina têm sido feitos em
sujeitos saudáveis, com capacidades motoras, por isso ficava sempre em aberto a
questão de saber se os resultados poderiam ser transferidos para um paciente
que ficou completamente paralisado”, diz.
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