Câmara analisa proposta que incentiva empreendedorismo de deficientes
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Deputados discutem criação de linhas de
crédito para pessoas com deficiência montar seu próprio negócio. No mês
passado, a Câmara aprovou a concessão de isenções fiscais para importação de
equipamentos como cadeiras de rodas e impressoras em braile.
No Brasil, quase 24% das pessoas têm algum
tipo de deficiência. São pessoas que não andam, não enxergam, não escutam, que
compreendem as coisas mais devagar, mas que trabalham e ajudam a construir o
País.
A fim
de incentivar o empreendedorismo nesse segmento, projeto de lei aprovado no
Senado e que já chegou à Câmara (PL 1784/11), pretende criar linhas de crédito
para pessoas com deficiência.
"Existem muitas oportunidades disfarçadas
no mundo da pessoa com deficiência”, afirma Jane Franco, que perdeu uma perna
em um acidente de moto aos 13 anos. Ela e o marido, Flávio Franco, que teve os
dois braços amputados depois de receber um choque elétrico, criaram um site
dedicado aos amputados e fazem palestras sobre segurança do trabalho.
“Nós, conseguimos dar a volta por cima e
estamos aí rodando esse Brasil sem pensar em limites. Não importa se você está
em uma cadeira de roda, se você está com uma bengala, se você não enxerga.
Existem, sim, muitas possibilidades", afirma Jane.
O PL 1784/11, de autoria do senador Paulo Paim
(PT-RS), determina que órgãos e entidades da administração direta e indireta
viabilizem ações para promover o empreendedorismo, incluindo a liberação de
linhas de crédito para esse grupo de pessoas.
Paim explica que a legislação brasileira já
busca proteger e incentivar o ingresso no mercado de trabalho das pessoas com
deficiência, mas, até o momento, não comporta fórmulas para incentivar o
empreendedorismo dessa parcela da população.
“Nós abrimos a empresa e eu me tornei uma
empreendedora pensando nessa questão da segurança do trabalho também. Nós nunca
nos deixamos abater pela deficiência e hoje já são mais de 500 palestras
realizadas por esse Brasil”, diz Jane.
Empreendedorismo
O projeto já recebeu parecer pela aprovação do
relator, deputado Walter Tosta (PSD-MG), na Comissão de Seguridade Social e
Família. “As pessoas que enxergam a sociedade sob uma perspectiva de vida
diferente, podem contribuir com dinamismo e propostas diferenciadas, o que
certamente influenciará positivamente para o fortalecimento do País. Assim, a
medida [o empreendedorismo da pessoa com deficiência] deve ser incentivada de
modo irrestrito”, defende Tosta.
Em entrevista à Rádio Câmara, Melchert conta
as dificuldades que enfrenta no negócio.
Luiz Alberto Melchert é outro exemplo de
sucesso de empreendedorismo. Ele é dono de uma empresa de consultoria que
moderniza fazendas. "Os empregados da fazenda ficam chocados. No início,
eles ficam meio desagradados de ter que obedecer a uma pessoa cega. Mas, aos poucos,
eles têm que ver que a gente entende do assunto", conta o empresário.
Viver Sem Limites
No fim do ano passado, o governo federal
lançou o programa Viver sem Limites, que prevê investimentos de R$ 7,6 bilhões
até 2014 para ações de educação, saúde, inclusão social e acessibilidade. A
deputada Rosinha da Adefal (PTdoB-AL), que é cadeirante, explica que haverá
incentivos para que as pessoas de baixa renda que recebem um salário mínimo do
governo possam tentar iniciar um negócio sem o receio de perder o benefício que
lhe garante a sobrevivência.
"Por um período, ele vai poder acumular o
benefício e a microempresa no ramo em que ele conseguir desenvolver o trabalho.
Isso é muito importante, porque o benefício, hoje, representa a sobrevivência
de muitas pessoas com deficiência", explica a parlamentar.
No mês passado, a Câmara aprovou uma medida
provisória que integra o programa Viver Sem Limites (549/11). A MP reduz a zero
as alíquotas do PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a importação de produtos
destinados a beneficiar pessoas com deficiência, como impressoras e máquinas
braile, calculadoras equipadas com sintetizador de voz, lupas eletrônicas,
partes e peças para cadeiras de rodas.
A MP ainda precisa ser votada no Senado.
Íntegra da proposta:PL-1784/2011
Reportagem - Daniele Lessa Soares /Rádio Câmara
Edição - Natalia Doederlein

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