Dicas para prevenir abuso sexual contra crianças e adultos com deficiência intelectual e outros tipos de deficiência
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Acompanho as notícias com relação à síndrome de
Down e tenho notado um aumento no número de casos de abuso sexual envolvendo
homens, mulheres, jovens e crianças com Down. Quero crer que o número de
histórias vem aumentando porque as pessoas estão denunciando mais do que no
passado, já que certamente esse problema sempre existiu. Ao invés de
continuarmos tratando o tema como tabu, devemos discuti-lo e trabalhar
intensamente para evitar que nossas crianças, adolescentes e adultos se tornem
vítimas. Além disso, devemos denunciar estas práticas pois, sem estatísticas, é
como se elas não acontecessem. É nosso dever zelar pela segurança e pelos
direitos de nossos filhos.
A australiana Sam Paior, mãe de um garoto com
síndome de Down e a Dra Freda Briggs, especialista reconhecida na prevenção ao
abuso, listaram uma série de dicas para alertar às famílias com crianças
pequenas ou pessoas com deficiência intelectual ou outros tipos de deficiência
ou vulnerabilidade com o objetivo de prevenir a ocorrência de abuso sexual.
Segundo Sam, é melhor confrontar a situação e
admitir que esse problema poderá afetar muitos de nós do que esconder a cabeça
na terra como um avestruz. Temos que reconhecer que este é um problema que
poderá afetar muitos de nós.
Não arquive essas sugestões e deixem para ler
depois. Leia agora, reflita sobre cada um dos conselhos. Estimativas mostram
que até 90% de mulheres e meninas com deficiência intelectual será abusada
sexualmente, e até 50% dos homens. Adicione a isso o fato de que os sites de
pedófilos freqüentemente mencionam especificamente crianças com síndrome de
Down como ótimos alvos por causa de sua “vontade de agradar”.
Precisamos estar atentos, e educar nossos filhos e
a nós mesmos.
As informações que dizem respeito a figuras
religiosas também são difíceis de ouvir, mas não as desconsidere. Apesar de que
gostaríamos de pensar que alguém da igreja estivesse fazendo a coisa certa, a
experiência mostra o contrário. Muitos destes delinquentes se escondem dentro
da igreja para garantir sua autoridade e para que nós, os pais, tenhamos a
confiança deles.
Dissemine essas informações ao maior número de
pessoas possível.
Patricia Almeida
Dicas para prevenir abuso sexual contra crianças e
adultos com deficiência intelectual
1. Comece cedo: Introduza vocabulário correto para
vagina e pênis para que as crianças possam informar claramente se alguém tem
algum mau comportamento sexual.
2. Com crianças em idade pré-escolar e aqueles com
atraso de desenvolvimento, use o livro “Todo mundo tem bumbum” (Everyone’s got
a bottom) disponível na internet.
3. Introduza o conceito de privacidade do corpo –
ninguém pode fazer cócegas ou brincar com as partes íntimas do seu corpo – “É o
meu corpo” (mas você pode tocá-lo quando estiver em um lugar privado).
Explique, conforme necessário, que se tocar pode ser prazeroso.
4. Para previnir que as pessoas sejam usadas para
sexo oral, inclua a boca como uma parte íntima e deixe claro que ninguém tem
permissão para colocar qualquer coisa “nojenta” e “fedorenta” ou qualquer parte
do corpo em sua boca (discuta higiene oral).
5. Deixe claro que se alguém quebra as regras
sobre privacidade do corpo, a criança precisa avisar a você porque isso não é
permitido. As crianças gostam de regras.
6. Ajude-os a discriminar onde podem tocar e onde
é ERRADO. Você precisa ensinar como são os toques errados. Não fale sobre
toques ruins porque os toques podem fazê-la sentir-se bem.
7. Ensine-os a dar um passo mantendo os braços
estendidos à frente e dizendo (em voz bem alta) -”Não! Pare com isso! Isso não
é permitido” e ficar longe de alguém que toca num lugar errado. Pratique dizer
“Não” assertivamente.
8. Não ensine-os a dizer: ‘Eu vou contar “, porque
isso pode resultar em ameaças.
9. Pratique distinguir segredos que devem ser
mantidos e segredos que devem ser contados. Crianças e adultos com deficiência
intelectual pensam que podem contar segredos bons, mas devem manter para si os
segredos ruins porque eles fazem as pessoas ficarem tristes.
10. Ensine o funcionamento básico do corpo.
11. Como o abuso sexual tem a ver com poder,
descubra como você pode empoderar seus filhos e filhas. Incentive-os a se
vestirem, fazerem a higiene, irem ao banheiro e comerem com independência.
(Sim, pode ser mais fácil e rápido fazer as coisas para eles, mas não ajuda a
auto-estima)
12. Dê-lhes oportunidades de fazer escolhas.
13. Aprenda e pratique as normas de segurança com
água, eletricidade, fogo, remédios, drogas, trânsito e pessoas. Identifique
situações potencialmente inseguras. Ensine e pratique como obter ajuda quando
necessário, como usar o telefone e escolher a quem recorrer com segurança, por
exemplo procurar uma mulher com filhos num shopping, etc.
14. Desenvolva e pratique a resolução de
problemas. “Qual seria a melhor coisa a fazer se …..”, “Vamos supor que …”,
“Você consegue pensar em algo mais seguro?
15. Desenvolva habilidades que os faça ser capazes
de fazer relatos precisos: crianças e pessoas com deficiência intelectual
vítimas de abuso podem só sugerir alguma coisa, mas pensar que estão relatando.
Se você não corresponder, elas podem sentir-se impotentes e sem esperança.
16. Desenvolva a auto-estima: Elogie o esforço –
enfatize o que eles fazem bem e fale sobre o que eles gostariam de fazer.
17. Encoraje a expressão de sentimentos: o que o
torna triste, feliz, assustado, preocupado.
18. Tenha em mente que, se eles não recebem afeto
físico, aprovação e atenção, eles se tornam mais vulneráveis aos predadores.
19. Desenvolva suas habilidades sociais conforme
necessário: manter o próprio espaço, contato olho no olho, saber o próprio
nome, endereço e número de telefone.
20. Ensine sobre os seus direitos e pratique que
sejam firmes, sem cometer agressões.
Desafios para os pais e cuidadores:
Crianças e jovens com deficiência podem:
1. Já ter aprendido a obedecer passivamente
adultos, especialmente os cuidadores/professores/ profissionais.
2. Ter desenvolvido imagem do corpo ruim e
conceitos como manter o próprio espaço.
3. Não ter nenhum conhecimento dos seus direitos.
4. Já ter sido abusados sexualmente ou ter
adquirido conhecimento equivocado sobre sexualidade.
5. Ter poucas oportunidades para a independência.
6. Ter sentimentos de vergonha e baixa auto-estima
que aumentam a vulnerabilidade aos abusadores.
7. Ter cuidadores / trabalhadores de apoio
super-protetores que fazem de tudo para eles, impedindo-os de ter oportunidades
para se afirmar e ganhar independência.
8. Crianças e pessoas com deficiências de
desenvolvimento não necessariamente entendem o que é um estranho (ao passo que
estranhos tentam conhecer bem suas vítimas) – refira-se a situações
potencialmente perigosas ao invés de pessoas perigosas.
9. Jovens e crianças com deficiência de
aprendizagem tendem a aprender respondendo bem à dramatização com bonecos, bem
como treinar situações de forma prática. Eles precisam de constante repetição e
reforço.
10. Pessoas com deficiência intelectual acham
difícil transferir informações de uma situação para outras, por exemplo se a
escola ensiná-los a ir para um lugar seguro em situações difíceis, eles podem
entender que existam lugares seguros como a solução para todos os problemas
potenciais, tais como estar no ônibus errado ou se perder em um show. Isso quer
dizer que elas precisam praticar bastante em diferentes cenários.
11. A comunicação deve ser clara. Use frases
curtas e simples. Evitar “ou isso ou aquilo” e frases que podem ser respondidas
com sim / não. A informação deve ser quebrada em pequenos segmentos. Não dê
dicas vagas. Crianças e pessoas com deficiência intelectual provavelmente não
associarão “Está tudo bem?” ou “Ele te tocou?” com o abuso sexual.
12. Use imagens de toques inapropriados,
especialmente para crianças surdas.
13. Com pessoas que não falam, consulte um
fonoaudiólogo para usar vocabulário sobre sexualidade em forma de símbolos e
fotos.
14. Aqueles com deficiência visual severa podem
precisar de ajuda extra para desenvolver consciência corporal. Use bonecos com
as partes íntimas anatomicamente corretas para uma sensação mais realista.
15. Crianças com deficiências físicas graves
precisam de um foco sobre a independência em relação à higiene, confiança
estima, auto-identificação e toques errados quando são ajudadas nos cuidados
pessoais.
16. Proporcionar oportunidades de fazer escolhas
as próprias escolhas.
17. As escolas sozinhas não podem prevenir o abuso
de acontecer, mas quando ele é identificado permitem que as vítimas obtenham
ajuda rapidamente para parar o abuso e se sentirem bem consigo mesmas. O abuso
de longa duração é o que causa o maior dano.
Criminosos sexuais
* Podem ser encontrados onde quer que haja pessoas
vulneráveis.
* Adulam os adultos responsáveis pela segurança
das crianças, bem como as próprias crianças.
* Escolhem como alvo mães solteiras, ganham sua
confiança, fornecendo serviços gratuitos de que elas precisem e as tratam com
respeito.
* Apresentam-se como cidadãos modelo criando uma
rede de apoiadores para que, quando o abuso for revelado, ninguém acredite …
mesmo depois de terem sido condenados
* Tornam-se muito populares entre os alvos em
potencial, os sinais de alarme devem soar quando um adulto se envolve em jogo
imaturo, no mesmo nível da criança. Páre as cócegas antes de entrar debaixo da
roupa. Não ignore o seu sentimento de desconforto – intervenha e interrompa o
contato mesmo se essa pessoa for popular com seu filho
* Respondem às necessidades emocionais das
crianças proporcionando-lhes atenção, elogios, presentes, fazendo com que se
sintam especiais e amadas. Os criminosos sabem que as crianças toleram o abuso
para manter os benefícios da relação.
* Eles começam com carinhos, beijos e abraços.
Depois introduzem a conversa sobre sexo, pornografia, (para dessensibilizar a
criança e normalizar o abuso) acariciam as genitais de seu filho e depois
praticam sexo oral – “Agora é minha vez, você já se divertiu”
* Aqueles que detém posições de autoridade podem
não precisar usar métodos de adulação, alguns padres dizem ter usado filhos dos
mais dedicados freqüentadores da igreja sabendo que, se o abuso fosse
descoberto, os pais iriam procurar um bispo, não a polícia
Abuso de irmãos e de jovens menores é mais
difundido e mais prejudicial do que a maioria das pessoas imagina. Quando
externado, deve ser levado a sério e aconselhamento deve ser procurado para
todos os interessados, independentemente da idade do agressor.
Figuras paternas e namorados da mãe apresentam um
risco maior para crianças do que pais naturais. Em alguns casos, eles escolhem
a mãe para ter acesso a seus filhos.
A maioria dos infratores é do sexo masculino. A
segunda característica é que eles são frequentemente religiosos / autoritários.
Sabemos muito menos sobre os infratoras do sexo
feminino. Cerca de 20% dos homens dizem que foram abusados por mulheres, mas
eles não consideraram como abuso, pois “não doeu”.
As mulheres podem ser tão agressivas e usar os
mesmos métodos de adulação que os homens. Há menos vítimas, mas os efeitos à
longo prazo podem ser tão prejudiciais quanto o abuso masculino.
Por Sam Paior e Dra. Freda Briggs
Tradução – Patricia Almeida
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