Aceitação - Cris Costa
Compartilhe
Queridos leitores, hoje quis colocar este artigo da Cris Costa, cadeirante e blogueira, que fala muito bem sobre aceitação, sobre a aceitação que todos nós temos que passar um dia ou vários.
Outro dia, conversando
com uma amiga, ela comentou que tinha encontrado com um conhecido que temos em
comum, que é tetraplégico, e disse que ele estava muito bem. Tinha se formado,
tava trabalhando e fazendo várias atividades. Mas completou que isso só
aconteceu depois que ele aceitou a lesão. Fiquei mega feliz por ele, mas fiquei
pensando com meus botões essa coisa complicada da aceitação.
Acho que uma das coisas
mais difíceis na vida é aceitar. Seja lá o que for. Que estamos envelhecendo,
que o relacionamento acabou, que o seu trabalho não é que esperava, aceitar que
o outro é diferente, que o Flamengo não foi campeão e sim o Fluminense
(Eeeeeeeeeeeeeeeee!). Enfim, lidar com a aceitação pode ser bem complicado,
ainda mais quando algo acontece de forma inesperada. Você não pediu pra nada
daquilo acontecer, e ainda tem que aceitar? Demais, né! No caso de uma lesão na
medula a aceitação é um nó na cabeça, e ainda não sei dizer se existe uma
completa aceitação. Sempre vai ter aquele fiozinho de dúvida “e se…”. Mas que
talvez deixemos de lado (eu pelo menos deixo) porque é uma área sensível demais
e que não leva a lugar algum.
Minha escolha na época do
acidente foi seguir em frente e aceitar que pelo menos naquele momento eu não
ia voltar a andar. E assim sigo até hoje. Voltei a estudar, trabalhar, namorar
e não me prendi muito a ficar martelando “porquês” e “e se’s…”. Não sei se foi
a melhor atitude, mas com certeza foi o que consegui. Cada um lida com os
acontecimentos da melhor forma que pode, mas o fato é que só podemos seguir em
frente a partir do momento que aceitamos determinada situação. Lutar contra
algo que não vai mudar é dar murro em ponta de faca.
Por favor, não vamos
confundir aceitação com comodismo. Quem se acomoda também não sai do lugar e
sofre do mesmo jeito. Levei uns três anos pra entender e aceitar que os
remédios e fisioterapias já tinham me levado ao limite. Foi difícil pra
caramba, pra não dizer pra caral…, ver que a evolução do movimentos era cada
vez menor até se tornarem praticamente imperceptíveis. Podia estar fazendo tudo
isso tudo até hoje, mas acho que minha cabeça ia estar embananada e provavelmente
não teria conquistado tantas coisas se tivesse ainda ligada no voltar a andar.
Mas isso é de cada um.
Estou aqui apenas dividindo um pouquinho da minha experiência. Mas posso dizer
que, no meu caso, aceitar foi muito difícil porém com certeza foi o que me
deixou livre para seguir em frente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu Comentário é muito importante para nós.