ABC da Esclerose Múltipla
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Por
Margarete de Jesus Carvalho
Definição e Causas
A
ESCLEROSE MÚLTIPLA (EM) é a doença neurológica mais comum que afeta jovens na
Europa e na América do Norte. No mundo todo, aproximadamente dois milhões de
pessoas são afetadas por esta doença inflamatória crônica. Já no Brasil,
infelizmente, não temos dados precisos.
Trata-se
da doença mais comum em países de clima temperado, como na Europa e América do
Norte. Nas regiões do norte da Europa, norte dos Estados Unidos da América e
Canadá a proporção é de 80 a 100 pacientes com EM para 100 mil habitantes.
Enquanto que em países equatoriais, como Peru, Venezuela, Panamá, essa
proporção é bem menor, cerca de menos de 1 paciente com EM para 100 mil
habitantes.
No Brasil,
graças à dimensão geográfica, há diferenças regionais. Nas regiões sul e
sudeste a doença é mais frequente que no resto do país, provavelmente devido à
presença de descendentes de imigrantes europeus.
Acomete
mais mulheres que homens, na proporção 2:1, ou seja, duas mulheres acometidas
para cada homem com a doença. É mais frequente em adultos com idade entre 20 a
40 anos e rara em crianças e idosos. A doença é mais freqüente em indivíduos da
raça branca. A etiologia da EM é, até o momento, desconhecida.
Estudos
mostram que o sistema imunológico está envolvido com a etiologia desta doença,
bem como a predisposição genética, o
meio ambiente e, provavelmente, as infecções virais. A EM é uma doença crônica
autoimune que acomete a substância branca do Sistema Nervoso Central (SNC),
mais precisamente a bainha de mielina que é uma camada de proteína que envolve
os axônios dos neurônios. Na EM ocorre lesão inflamatória desta bainha de
mielina e, consequentemente, lesão do axônio. A este processo inflamatório,
clinicamente denominamos como surto. Os sintomas neurológicos dependem da
localização desta lesão inflamatória no SNC. O paciente pode apresentar visão
dupla (diplopia), perda súbita da visão, tontura, perda total ou parcial da
força muscular, tremor, falta de coordenação de movimentos, alteração da
sensibilidade, cansaço, dificuldade para andar.
O curso
natural da doença é variável e geralmente se estende por duas ou três décadas.
Prever a gravidade, a natureza e a progressão da doença para um paciente
específico é impossível, mas podemos classificar a EM com base na frequência e
no padrão dos surtos em:
1 - EM
remitente-recorrente (EMRR).
2 - EM
secundariamente progressiva.
3 - EM
primariamente progressiva.
4 - EM
benigna.
A EMRR
caracteriza-se por período de surto seguido de período de remissão, com ou sem
recuperação completa do quadro. É a forma mais comum da doença, 80 a 90% dos
pacientes de EM.
O padrão
em que os surtos ocorrem é imprevisível mesmo em se tratando de um único
indivíduo.
Diaginóstico e Tratamento
A
manifestação clínica da EM é muito variável e pode ser confundida com outras
patologias como: Acidente Vascular Cerebral, vertigem, fadiga crônica, etc. O
diagnóstico é difícil na maior parte dos casos. O exame de Ressonância
Magnética, exame de potencial evocado, exame de líquido cefalorraquiano
(liquór) e exames laboratoriais séricos auxiliam no diagnóstico de EM.
A EM não
tem cura, mas isso não significa que ela não pode ser tratada. Os objetivos de
terapia para a EM visam reduzir o número e a gravidade dos surtos, reduzir o
número e volume das lesões, retardar a progressão da incapacidade e melhorar a
qualidade de vida do paciente. Atualmente há medicamentos como as
betainterferonas e os imunomoduladores que são utilizados no tratamento da EM.
O paciente
com EM precisa de um tratamento multidisciplinar de acordo com as suas
necessidades. Fisioterapia, terapia ocupacional, apoio psicológico, orientação
nutricional, fonoaudióloga e acompanhamento com outras especialidades médicas
como urologista, psiquiatra, além do neurologista, faz parte da terapia de EM.
O
acompanhamento com um profissional da área e o paciente seguir corretamente as
orientações sugeridas pelo médico são ferramentas importantes no tratamento da
EM.
* Dra.
Margarete de Jesus Carvalho é professora de Neurologia e coordenadora do
Ambulatório de Esclerose Múltipla da Faculdade de Medicina do ABC (SP).
Fonte: Revista Reação - Caderno Científico nº 89
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