Já no ar, a primeira emissora para surdos
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Linguagem de libras ganha plano principal no canal, visto
pela web
Sabe aquela tela minimizada que, ao canto inferior direito
da TV, reproduz em Libras - Linguagem Brasileira de Sinais -, especialmente aos
deficientes auditivos, o conteúdo do áudio do programa? Pois é. Na TV INES, do
Instituto Nacional de Educação de Surdos, a ordem é inverter a proporção dessas
telas e ampliar a imagem de quem fala na linguagem de sinais. Está no ar a
primeira TV para surdos do País.
Segundo estimativas informadas ao Estado pela diretora do
INES, Solange Rocha, o Brasil conta com uma plateia em torno de 5 milhões de
deficientes auditivos. Veiculada apenas via internet, pelo endereço
http://www.tvines.com.br, a TV INES não dispensa o sonho de chegar a um canal
com sinal convencional de TV, de preferência no segmento aberto.
Para tanto, vai experimentando um conteúdo a seu modo, com
tudo a que uma emissora de TV tem direito. Alguns programas já são
especialmente produzidos para o canal, como o humorístico Piadas, o Aulas de
LIBRAS e o Tecnologia, sobre novidades e avanços tecnológicos que podem
facilitar a vida dos deficientes auditivos. Outros são adaptados para a TV
INES, que reedita as imagens inserindo um quadro com linguagem de LIBRAS e
legendas na tela. São os casos do Salto para o Futuro, Via Legal, Brasil
Eleitor, filmes e desenhos animados. Há ainda o Jornal Visual em três edições
diárias, único telejornal dedicado aos deficientes auditivos no Brasil.
"É uma TV para e sobre surdos", define Solange.
"Nossa ideia é criar um entorno positivo a esse universo, para que eles
possam ter esse conforto, e que o mundo também entre no universo deles: é um
espaço de entrada e de saída."
Início
A ideia nasceu há coisa de dois anos, quando a TV Brasil,
em busca de uma assessoria com tradutores intérpretes para surdos, procurou o
INES. "Nessa altura, eu estava desenvolvendo um projeto de cultura, em que
os professores ficavam em tela cheia, invertendo a lógica daquele quadradinho
mínimo da linguagem de LIBRAS."
Na época, o instituto - ligado ao Ministério da Educação,
com sede no Rio de Janeiro - havia comprado vários televisores para criar uma
comunicação interna entre os alunos. "Resolvemos daí fazer uma
televisãozinha interna", lembra.
A meta agora é produzir mais, ampliando o menu de títulos
feitos pelo canal e reduzindo assim a parcela de programas adaptados.
"Montar uma grade é muito complexo", admite Solange, que chegou ao
instituto há 30 anos, como professora de História.
O canal conta hoje com programação diária de oito horas e
sua operação ainda é tratada como experimental. Mas é o suficiente para
incentivar a comunidade surda a investir em seus talentos criativos.
"Temos um grupo bastante criativo de artistas surdos que estão trabalhando
nessa televisão, escrevendo, atuando, apresentando", vibra a diretora.
"A ideia é contemplar a diversidade."
Fonte: Jornal O Estado de S. Paulo
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