Tribo de Jah - Uma banda formada por cegos
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Por Khalil Gibran, do Brasil 247:
A banda não é assim tão desconhecida, porém, você conhece
sua obra e sua história? O grupo que contribuiu de forma significativa para que
a cidade de São Luís – MA fosse reconhecida como a “Jamaica brasileira”, chega
aos 25 anos de carreira com 14 discos, 02 dvds, turnês pela Europa e uma
independência bem articulada que o mantém circulando por todo o território
nacional.
A história da Tribo de Jah iniciou-se na Escola de Cegos do
Maranhão, onde se conheceram cinco músicos, sendo quatro deles cegos e um com
visão parcial. Neste lugar viviam em regime de internato e lá começaram a
desenvolver o gosto pela música, improvisando instrumentos e descobrindo
timbres e acordes. Posteriormente, os amigos formaram uma banda e passaram a
realizar shows nos bailes populares da capital e outras cidades do interior do
estado, fazendo covers de seresta, reggae e lambada.
Banda Tribo de Jah foi formada com membros da Escola de
Cegos do Maranhão
Nessa mesma época, aportava na ilha Fauzi Beydoun – até
então radialista – paulista da cidade de Assis que trazia, além da
excentricidade do nome que sua descendência libanesa e italiana lhe conferia,
um timbre de voz único, que conquistara o público da ilha.
O movimento do reggae crescia rapidamente no Maranhão e as
famosas “radiolas” – potentes equipamentos de som que eram utilizados para
festas de reggae em clubes da cidade – já tomavam conta do cenário cultural
local. Nesse meio tempo, Fauzi também foi dono de “radiola” e, carismático por
natureza, tornara-se uma figura muito querida na cidade, o que o impulsionou a
se aventurar num sonho antigo: montar uma banda de reggae.
O radialista soube de alguém que estava vendendo os
instrumentos de uma banda de baile, mas o que ele não sabia é que com a venda
desses equipamentos, os músicos Frazão, Neto Enes, Aquiles Rabelo, João
Rodrigues e Zé Orlando ficariam desempregados. Fauzi resolveu, então,
convidá-los para partilhar um sonho ousado: montar uma banda de reggae roots.
Convite aceito de cara. Começaria aí uma história de luta, superação e sucesso.
Fundada no ano de 1986, sem gravadora, sem dinheiro, sem
referência nacional no estilo e com cinco músicos deficientes visuais, a Tribo
de Jah levaria nove anos até conseguir gravar seu primeiro disco, “Roots
Reggae” (1995), de forma totalmente independente. A essa altura, já haviam
enfrentando graves dificuldades financeiras, vaias e outras barreiras que
fizeram, por vezes, Fauzi e amigos pensarem em desistir de seguir com a banda,
o que para a sorte da nossa música, não aconteceu.
Logo no primeiro disco, o grupo maranhense mostrava a que
vinha, emplacando sucessos consecutivos em rádios sem nenhum investimento de
“jabá” ou mídia televisiva. Canções como “Babilônia em Chamas”, “Regueiros
Guerreiros” e “Neguinha” mostravam todo o potencial criativo do grupo e
destacavam Fauzi como grande compositor com canções que traduziam toda a
mensagem do reggae de amor, paz e libertação das mentes, aliadas a letras
poéticas e melodias pegajosas. Seria uma questão de tempo para uma plataforma
muito comum nessa época, ajudar a difundir a música da Tribo pelo restante do
país. A fita cassete seria a grande aliada na divulgação do Roots Reggae.
Porém, ao contrário do que pensava a maioria das pessoas, o
sucesso de um grupo não trouxe, de imediato, o devido retorno financeiro e o
reconhecimento no meio artístico que se imaginava. Fauzi acumulou muitas
histórias de moradias precárias em São Paulo, canos de produtores, inclusive
até em grandes compras dos seus discos, ou mesmo shows com estruturas que
chegavam a colocar em risco a integridade física da banda, mas o tempo passava
e a cada disco que o grupo gravava um público maior ainda era arrebatado pela
boa energia, que ficava ainda mais evidente durante as apresentações ao vivo.
Vencidas as dificuldades, a Tribo de Jah estabelecia-se
como uma das bandas mais importantes da música brasileira, conquistando discos
de ouro, fazendo turnês no exterior e descobrindo novas maneiras de sobreviver
no mercado da era digital. Vale ressaltar também que a Tribo foi a primeira
banda de reggae a incluir elementos da música nordestina em seus arranjos,
gravações e composições.
Passados 25 anos a banda tem seu próprio escritório em São
Paulo, produz todo o seu material promocional, realiza seus contatos com
produtores em todas as partes do país e partirá, ainda em 2011, para o projeto
mais ousado de sua carreira: a gravação do DVD acústico, comemorando seus 25
anos. Projeto que tenho a honra de dirigir.
Como músico, tive o prazer de dividir o palco com esses
queridos amigos em algumas oportunidades. Como produtor, também pude realizar
shows da banda e, principalmente, uma belíssima palestra com o grupo na cidade
de Fortaleza, onde eles contaram toda a história de luta e superação da banda.
Foi um momento emocionante com uma plateia repleta de pessoas com algum tipo de
deficiência e que queriam ver ou ouvir, de perto, a história de como é possível
realizar seus sonhos apesar de…
Porém, é sem nenhum pesar que o grupo relata, de forma
bastante descontraída, toda sua experiência. Um momento que recomendo aos
produtores e contratantes. Assim como o show maravilhoso, maduro e que traz em
suas luzes e acordes valores que vão além da música. Um show que conta algo
sobre amizade, respeito, amor, superação e sonhos bem sonhados.
Ah! Quase esqueci de falar: a Tribo de Jah é a maior banda
de reggae do Brasil! E sou eu quem está dizendo. Não é eleita por nenhuma
gravadora, revista Cult, ou canal de tv. Está eleita por mim e por você.
Para conhecer mais sobre a banda, baixar discos, clipes e
outras peripécias, acesse: http://www.tribodejah.com.br
Fonte: Blog do Décio
Essa banda é show , amo o som desses caras ,eles são ótimos no que fazem..
ResponderExcluirEssa banda é show , amo o som desses caras ,eles são ótimos no que fazem..
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