Entidades defendem incentivos para produtos voltados a pessoas com deficiência
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Segundo associação, custo elevado dificulta a
concessão de próteses; SUS atenderia a apenas 0,3% dos cidadãos com limitações
físicas.
Luis Macedo / Câmara dos Deputados
Scavasin defendeu isenção tributária dos produtos. |
Representantes de associações
reivindicaram, nesta terça-feira (17), a adoção de medidas para incentivar a
oferta de produtos e serviços adaptados às pessoas com deficiência. O assunto
foi debatido em audiência pública da Comissão de Desenvolvimento Econômico,
Indústria e Comércio.
O integrante do "Cidade para
Todos" – movimento que reúne cidadãos que lutam por espaços públicos e
privados inclusivos –, Flavio Scavasin, defendeu a isenção de impostos para
produtos voltados a indivíduos com deficiência, fiscalização mais rigorosa para
evitar preços maiores na importação desses itens e um trabalho junto à Agência
de Vigilância Sanitária (Anvisa) para reduzir os custos e melhorar o quadro de
funcionários especialistas em tecnologia assistiva (termo usado para
identificar recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar
habilidades funcionais de quem tem alguma deficiência).
Direito
A deputada Rosinha da Adefal (PTdoB-AL), que solicitou o debate, reforçou o pedido: "Muitas vezes, nos é tirado o direito à vida se não tivermos o equipamento adequado; precisa-se rever a lista de prioridades dos produtos".
A deputada Rosinha da Adefal (PTdoB-AL), que solicitou o debate, reforçou o pedido: "Muitas vezes, nos é tirado o direito à vida se não tivermos o equipamento adequado; precisa-se rever a lista de prioridades dos produtos".
Rosinha da Adefal: sem o equipamento adequado, pessoas com deficiência perdem o pleno direito à vida. |
O presidente da Associação Brasileira
das Indústrias de Revendedores de Produtos de Serviços para Pessoas com
Deficiência (Abridef), Rodrigo Rosso, disse que a isenção de impostos é direito
das pessoas com deficiência. "É necessária uma desoneração na cadeia
produtiva e no valor dos carros para cidadãos com deficiência. A lei que vale é
ainda a de 2009, que concede até R$ 70 mil para compras de veículos, porém o
valor precisa ser readaptado com os índices de inflação, pois houve vários
aumentos", declarou.
Já o gerente-geral de Tecnologia de
Produtos para a Saúde da Anvisa, Joselito Pedrosa, sustentou que a agência vai
reformatar o processo interno de trabalho para a identificação da necessidade
de bens e produtos, mas que a isenção tributária pode não ser a melhor
alternativa. “A discussão é como garantir uma maior rapidez na fiscalização do
que entra no País. Agora, para garantir a acessibilidade, eu tenho que
obrigatoriamente fazer exoneração de imposto? Muitas vezes, isso não gera bons
resultados, mas disputas políticas", disse. Na avaliação dele, não é
preciso apenas assegurar a acessibilidade dos produtos, porém garantir a real
necessidade da população.
Órteses e próteses
O representante da Associação Brasileira de Ortopedia Técnica (Abotec), Henrique Grego, destacou que existem entraves no sistema de concessão de órteses e próteses. De acordo com ele, dos 43 milhões de brasileiros com deficiência, pouco mais de 20 milhões necessitam de alguma órtese ou prótese. "Não temos condições de atender a toda essa demanda, pelo custo elevado. O sistema de concessão não atende à necessidade do usuário", afirmou.
Ele relatou que o atendimento pelo
Sistema Único de Saúde (SUS) não chega a 0,3% das pessoas que precisam de
próteses. "Com o sistema atual de pregão
eletrônico, a empresa que oferecer o menor
preço ganha, e talvez seja a que tem uma qualidade não tão boa no serviço, sem
um controle eficiente da atividade. Cerca de 70% das próteses não reabilitam
totalmente o paciente", informou.
Créditos em produtos
O coordenador-geral da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Arnaldo Barbosa Júnior, e o representante da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Fernando Antonio Ribeiro, declararam que os projetos do governo federal, como o programa Sem Limites, direcionado às pessoas com deficiência, não estão parados. "As centrais de interpretação de libras, a agenda da formalização da atuação dos intérpretes, o crédito via Banco do Brasi, estão sendo tratados. A agenda está em curso", disse Ribeiro.
Barbosa Júnior salientou que, em
2012, foi conferida isenção de ICMS nas vendas de veículos destinados às pessoas com
deficiência física, visual, intelectual e aos autistas. Também com o Crédito
Acessibilidade, acrescentou, são concedidos descontos para clientes com renda
mensal de até dez salários mínimos para a aquisição de tecnologia assistiva,
com um valor de financiamento de R$ 70 a 30 mil. "Foram mais de 11 mil
operações de compra de produtos em 2013. Os produtos mais procurados são
cadeiras de rodas e produtos para auxílio de dificuldades auditivas",
comentou.
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