Porquê o Brasil é uma potência paralímpica? O legado de Aldo Miccolis e seu Instituto.
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Aldo Miccolis ao centro com atletas paralímpicos |
Desde 1958, o trabalho de Aldo
Miccolis, um homem evangélico, diácono batista, foi bastante árduo, no sentido
de divulgar o esporte e o direito de cidadania das pessoas com deficiência no Brasil.
Naquela época, nada consistente acontecia a respeito.
Depois
de formar 2 equipes de basquetebol em cadeira de rodas, viajou pelo país,
visitando mais de 100 municípios, fazendo exibições e palestras. Ele criou o
Instituto Aldo Miccolis para promover a inclusão de deficientes físicos na vida
da sociedade brasileira. Utilizei o texto da presidente do Instituto, Rosane
Miccolis. Clique aqui para conhecer o site do Instituto.
Em 1969, foi constituída a
primeira delegação brasileira de paraatletas para competir em Buenos Aires, nos
II Jogos Pan-americanos em Cadeira de Rodas, com atletas do Rio de Janeiro e
São Paulo. Na Argentina, o Brasil ganhou 17 medalhas. Daí para frente, nosso
país participou de todas as competições internacionais.
Em 1975, dentro do avião em que
estava a delegação brasileira vinda dos jogos internacionais no México, foi
fundada a ANDE – Associação Nacional de Desportos
para Deficientes, da qual foi presidente durante 25 anos. Em 1976, Aldo
Miccolis assumiu a direção do esporte nacional para esse segmento.
Muitos países foram visitados
por ele e seus atletas paraolímpicos: Inglaterra, França, Alemanha, Holanda,
Canadá, Estados Unidos, Thecoslováquia, Argentina, Coréia do Sul, Japão,
Irlanda do Sul, Uruguai, Chile, Peru, Jamaica, México, Ucrânia, Austrália,
Grécia entre outros.
De acordo com pesquisa feita
pela OMS (Organização Mundial da Saúde), o Brasil conta com quase 20 milhões de
pessoas com algum tipo de deficiência. O número é superior a populações
inteiras de países como Chile e Holanda, o que aumenta o potencial de revelação
de atletas.
Outro levantamento feito pelo
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que a população
ultrapassa os 45 milhões. Entretanto, a estimativa não é tão aceita no âmbito
esportivo devido aos critérios mais brandos sobre deficiência adotados pela
entidade.
Como homem de Deus, Aldo
Miccolis teve uma vida de testemunho e de compromisso com sua fé, o que foi
notado em toda parte por onde ele passou. Juntando-se aos atletas de Cristo da
delegação, realizava cultos, distribuía folhetos nos mais variados
idiomas, mantendo-se sempre firme na oração.
Aldo Miccolis é Presidente de
Honra do Comitê Paraolímpico Brasileiro e Cônsul Paraolímpico, já tendo atuado
como Vice-Presidente em anos anteriores. Também foi Presidente de Honra da
Associação Brasileira de Esportes para Cegos. Foi Presidente da FEPAN CP-ISRA
(Panamerican Federation of Sports for Cerebral Palsy), que dirige a área para
PC (paralisia cerebral) no mundo, foi membro do Comitê Executivo do
IPC/Américas (Executive Committe of IPC/Americas) e Presidente do Clube do
Otimismo. Aldo Miccolis é detentor da Medalha Nacional do Mérito Esportivo,
outorgada pelo ex-presidente José Sarney. Em 2001, foi homenageado pelo Sinodo
da Igreja Presbiteriana do Brasil como personalidade do milênio e recebeu da
Câmara Municipal a Medalha Pedro Ernesto, maior condecoração da cidade do Rio
de Janeiro. No âmbito evangélico, foi líder atuante em vários ministérios na
Igreja Batista do Méier, foi o executivo da Associação dos Diáconos Batistas
Cariocas, vinculada à Convenção Batista Carioca, além de pertencer aos Gideões
Internacionais.
Aldo Miccolis foi casado com
Mariúza Fiúza Miccolis, pai de Shirley, Rosane, Mário José e Madalena, teve
sete netos e dez bisnetos. Sua esposa Mariuza, hoje viúva, é cadeirante e
cantora evangélica. Até seus últimos os dias nessa vida terrena, Aldo
Miccolis continuou sendo convidado para discursar sobre o trabalho paraolímpico
em universidades, colégios, igrejas, entre outros.
Aldo Miccolis participou de
todas as Paralimpíadas junto com a delegação brasileira paralímpica. Em Pequim, 2008, teve
a felicidade de viver a emoção junto a nossos atletas que defenderam nosso país
brilhantemente, conquistando 47 medalhas. Aldo Miccolis foi
chamado para viver ao lado do seu Senhor, em 14 de dezembro de 2009.
Para se ter uma ideia, um
levantamento do Ministério da Educação apontou que existem apenas 12 mil alunos
com deficiência cursando o Ensino Superior no Brasil: nada mais do que 0,2% dos
seis milhões de estudantes universitários do país. Como consequência, muitos
deficientes encaram o esporte como único projeto de carreira.
Fonte: Educação Física Adaptada
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