Pesquisador brasileiro controla diabetes usando células-tronco
Compartilhe
Uma pesquisa realizada pela equipe de transplante de células-tronco da USP de Ribeirão Preto mostrou resultados surpreendentes no controle do diabetes. Dos 25 transplantes realizados no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP), desde 2003, 21 pacientes deixaram de tomar insulina por algum tempo. O sucesso do método faz parte dos estudos da equipe multidisciplinar liderada pelo endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri.
- É com muita satisfação que digo que tivemos o primeiro transplante de células-tronco em seres humanos com diabetes tipo 1 no mundo. Antes disso, nunca pensei que alguém com a doença poderia viver sem insulina.
Reset imunológico
O método usado na pesquisa é conhecido como “reset imunológico”, ou seja, o sistema imune do paciente é “desligado” durante cinco sessões de quimioterapia. Ao desativá-lo, a doença auto-imune (quando o próprio organismo ataca órgãos do corpo) também é “desligada”.
No sexto dia, células-tronco extraídas previamente do sangue do paciente (células-tronco hematopoéticas) são transplantadas na corrente sanguínea dele mesmo, tornando o sistema imunológico saudável. Diante dos bons resultados em pacientes com lúpus e artrite reumatoide, a equipe de Couri decidiu testar o método em pessoas com diabetes tipo 1.
O diabetes tipo 1 é uma doença auto-imune caracterizada pela destruição das células produtoras de insulina. Sem a sua produção regular, o organismo não tem como metabolizar o açúcar que entra na corrente sanguínea e a pessoa adoece. As injeções diárias do hormônio são necessárias para o diabético não passar mal ao comer doces ou carboidratos e para manter sua sobrevivência.
Essas dificuldades faziam parte do dia a dia do estudante Renato Luis Fernandes Silveira, de 22 anos, antes do transplante. Ao descobrir repentinamente que estava com a doença, mesmo sem ter casos na família, poucos meses depois recorreu aos médicos de Ribeirão. Em 2005, ele fez o transplante e desde então não toma insulina.
- Minha mãe tinha lido sobre o transplante, não tinha dado muita importância, mas no dia seguinte eu me senti mal e quando fizeram o teste de glicose, viram que estava muito alta. Então ela procurou o HC de Ribeirão.
Renato acredita que seu caso foi um sucesso, mesmo diante de alguns inconvenientes. Ele e seus pais , moradores de Cidade Dutra, na zona sul de São Paulo, precisaram se mudar para Ribeirão Preto por quatro meses, de janeiro a abril de 2005, tempo da preparação, do transplante e do acompanhamento posterior. Além disso, sofreu os efeitos colaterais da quimioterapia.
- Fiquei enjoado, não conseguia comer e vi meu cabelo cair por causa da quimioterapia, mas correu tudo bem. Um dia antes do transplante, já não precisei mais tomar insulina.
Hoje ele pode comer chocolate e massa, mas afirma maneirar na alimentação para não precisar voltar às injeções.
Não é cura
A pesquisa pioneira foi aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e recentemente também teve aprovação do FDA (Food and Drug Administration), órgão do governo dos Estados Unidos que regula a produção de alimentos e medicamentos, para ser usada no país. O método já está sendo estudado pela Northwestern University, em Chicago, em conjunto com os médicos da USP. No entanto, o endocrinologista frisa que os resultados não significam que haja cura.
- Não sabemos ainda se o paciente voltará a precisar de insulina algum dia na vida. Por isso, não podemos dizer que é uma cura. Não é um tratamento já estabelecido.
O transplante é indicado somente para diabéticos do tipo 1, com idades entre 12 e 35 anos e que tenha a doença há menos de três meses, tempo, segundo o médico, em que ainda dá para recuperar o pâncreas do paciente. A saúde deve estar em dia também, já que terá de passar pela quimioterapia.
Fonte: R7
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu Comentário é muito importante para nós.