HISTÓRIA DO PARACICLISMO
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Paraciclismo |
O prefácio do paraciclismo deu-se na década de 80, quando realizada a primeira competição envolvendo atletas com deficiência visual, hoje conhecido como tandem (a bicicleta tem dois selins e ambos ocupantes pedalam em sintonia; à frente vai um ciclista não deficiente visual e no banco de trás o atleta com deficiência visual). Mas a modalidade só seria inserida oficialmente como esporte paraolímpico 4 anos depois, em 1984, em Los Angeles – na época o comitê Olímpico gerenciava esportes a pessoas com deficiência -, e passou a incluir atletas portadores de necessidades físicas e sensoriais.
Em Seul (1988) o ciclismo de estrada entrou no programa oficial de disputas, entretanto a categoria não possuía classificação por grau de deficiência, o que aconteceu em 1996, quando também foram incluídas as provas em velódromo no programa paraolímpico. Em Sydney (2000), uma das inovações foi a presença do handcycling (ciclismo com duas mãos). Desde os Jogos de Atenas, em 2004, são diferentes eventos esportivos específicos destinados a cada tipo de deficiência.
Interesse da UCI
Fundado em setembro de 1989, o CPI (Comitê Paraolímpico Internacional) foi criado com objetivo de permitir que os atletas paraolímpicos alcançassem sua excelência esportiva, além de promover os valores paraolímpicos e criar oportunidade para todas as pessoas com algum tipo de deficiência, do iniciante ao atleta de elite. Atualmente a organização não-governamental possui 162 comitês paraolímpicos nacional.
A União Ciclística Internacional (UCI) sempre manifestou interesse na modalidade e chegou a um acordo com o CPI para apoiar a de maneira significativa o esporte. As entidades firmaram um consenso no qual a gestão do paraciclismo passou a ser responsabilidade da UCI. Com isso, a categoria tornou-se u ma disciplina distinta dentro da instituição, utilizando-se dos mesmos serviços de integração das outras categorias.
Desde 2006, a UCI promove o Campeonato Mundial de Paraciclismo de estrada e de pista, exceto em anos que são realizados os Jogos Paraolímpicos. No ano passado, a instituição organizou a primeira etapa da Copa do Mundo, além de projetar um novo sistema de classificação baseando no tipo de bicicleta e grau de funcionalidade de acordo com a deficiência do ciclista. As principais potenciam da atualidade equivalem ao que pode ser observado no ciclismo profissional, como Grã- Bretanha, Itália, Espanha e Áustria, além da Rússia.
PARACICLISMO BRASILEIRO
O primeiro representante brasileiro em Jogos Paraolímpicos foi Rivaldo Gonçalves Martins, amputado da perna direita e com prótese, em Barcelona (1992). Mas somente dois anos depois Martins colocou o país na história do paraciclismo, após conquistar o campeonato Mundial de contrarrelógio na Bélgica.
Os anos que se sucederam foram marcados por uma lacuna de resultados expressivos de representantes brasileiros, mas o país tornou a obter resultados consistentes no início do anos 2000. No Parapan-americano de Mar Del Plata, em 2003, a equipe nacional alcançou a marca de duas medalhas de ouro – Rivaldo Martins no CRI e estrada – e uma medalha de prata com Roberto Carlos Silva.
“Foi um momento importante para o paraciclismo nacional. O Comitê Paraolímpico Brasileiro passou a realizar um trabalho próprio. Também aconteceram mudanças internamente. Houve um reconhecimento por parte das Confederações, o que permitiu uma visibilidade maior da categoria”, lembra o italiano Romolo Lazzaretti, técnico da seleção paraolímpica.
Em 2007, os colombianos presenciaram mais um ouro em jogos Parapan-americanos de Ciclismo, agora em Cali, com Soelito Gohr nos 4 km de perseguição individual (CL1). Em Pequim, era a esperança de medalhas para o Brasil , mas acabou em 6º no contrarrelógio, à frente do compatriota Flaviano Carvalho (9º).
No ano seguinte, Gohr entrou para a história do ciclismo nacional e mundial ao sagrar-se o primeiro brasileiro campeão mundial reconhecido pela UCI em Bogogno (Itália). Foi esse repetido em 2010, com o bicampeonato no Canadá. Na ocasião, os também brasileiros Lauro Chaman e João Schwindt subiram ao pódio e realizaram um feito nunca antes visto, o que nos deixa esperançosos para os Jogos Paraolímpicos de 2012, em Londres, e 2016, no Rio de Janeiro.
“Este resultado provou que o Brasil tem um grande potencial e pode rivalizar com as nações européias. Temos nomes fortes, com capacidade de representar o país nas competições internacionais, mas é necessário um maior investimento.” Ressalta Lazzaretti. “Infelizmente ainda pecamos em alguns pontos. Temos um calendário espaçado, com poucas provas. Eu consigo manter meu desempenho, mas é pelo fato de participar das grandes voltas nacionais (apesar de deficiente, Gohr também compete na elite nacional). Isso permite que chegue bem nas etapas da Copa do Mundo e no Campeonato Mundial,” afirma. “É preciso ampliar a estrutura física, valorizar mais o esporte”, emenda Gohr.
CLASSIFICAÇÃO
LC1 – atletas com pequeno prejuízo em função da deficiência, normalmente nos membros superiores.
LC2 – atletas com prejuízo físico em uma das pernas, permitindo o uso de prótese para competição.
LC3 – atletas que pedalam com apenas uma perna e não podem utilizar próteses.
LC4 – Atletas com maior grau de deficiência, normalmente amputação em um membro superior e um inferior.
Tandem – para ciclista com deficiência visual. A bicicleta tem dois assentos e ambos ocupantes pedalam em sintonia. Na frente vai o ciclista não-deficiente e atrás o atleta com deficiência visual.
Handcycling – para atletas paraplégicos que utilizam bicicleta especial impulsionada com as mãos.
TIPO DE EVENTO:
ESTRADA
- Prova de estrada (homens e mulheres)
- Contrarrelógio individual (homens e mulheres)
- Handcycling
- Tandem sprint (homens)
- Sprint por equipes (homens e mulheres)
- 500 ou 1 km contrarrelógio (homens e mulheres)
- Perseguição individual (homens e mulheres)
Fonte: Revista VO2 - 2011
Olá Fernanda,
ResponderExcluirAchei seu blog procurando algumas notícias do paraciclismo brasileiro. Moro em Belo Horizonte e Sou atleta do paraciclismo. Já participei de algumas provas internacionais. Só achei importante comentar duas coisas sobre este 'post'. Primeiro, sobre a classificação funcional: ela mudou em 2009, e as classes não existem mais as classes LC.
Em segundo lugar, para informá-la que o Brasil, mais uma vez, conquistou os três primeiros lugares na prova de contra-relógio de estrada. Domingo tem a prova de resistência. (só para deixar clara, eu não estou participando desta vez do mundial).
Semana que vem tem o campeonato brasileiro de paracilimos de estrada.
Oi Vitório, obrigada pela visita e pelo comentário, foi muito informativo. Só para esclarecer, não existe mais nenhuma classificação LC? Agora é só Tandem e Handbike?
ResponderExcluirColoquei a informação sobre o Campeonato Brasileiro de Paraciclismo. Fico feliz que as pessoas com deficiência estão não só saindo de casa, mas também trabalhando, praticando esportes e se divertindo.
Volte sempre.