Em
acidentes que lesionam a medula espinhal, os longos filamentos das células
nervosas, chamados axônios, ficam danificados, levando a diversos níveis de
paralisia.
Há
muito tempo os cientistas pesquisam formas de induzir esses axônios a se
regenerar, restabelecendo as conexões nervosas, o que poderia devolver os
movimentos aos pacientes.
Como
essas células nervosas se estendem por uma escala de milímetros, a única forma
de estudá-las - e tentar estimulá-las à regeneração - era tirando fatias dos
tecidos e analisando-as sob o microscópio.
Contudo,
isso dá aos cientistas apenas uma visão bidimensional dos tecidos - e as
células nervosas não crescem em camadas superpostas como se fossem uma pilha de
folhas de papel.
Agora,
cientistas alemães desenvolveram uma técnica que torna a medula espinhal
transparente, permitindo que as células nervosas sejam examinadas em 3D em um
tecido intacto.
Medula
espinhal transparente
A nova
técnica é baseada em um método chamado ultramicroscopia, desenvolvida por Hans
Ulrich Dodt, da Universidade Técnica de Viena (Áustria). Frank Bradke e seus
colegas do Instituto Max Planck (Alemanha) fizeram um upgrade na técnica
original, permitindo que a medula espinhal se tornasse transparente.
O
princípio é relativamente simples.
O
tecido da medula espinhal é opaco porque a água e as proteínas contidas nele
refratam a luz de forma diferente.
Os
cientistas então removeram a água de uma amostra de tecido da medula espinhal,
substituindo-a por uma emulsão que refrata a luz exatamente da mesma forma que
as proteínas.
Isto
criou uma amostra de tecido intacta, mas totalmente transparente.
"É
o mesmo que aconteceria se você espalhasse mel sobre um vidro
texturizado," explica Ali Ertürk, principal autor do estudo. Neste caso, o
vidro quase opaco se torna claro como um cristal porque o mel compensa as
irregularidades da superfície.
Qualquer
tecido transparente
"O
que é realmente importante nesta pesquisa é que a nova técnica pode ser aplicada
a outros tipos de tecido," diz o Dr. Bradke.
Por
isso ele afirma que o trabalho é um verdadeiro salto evolutivo para as
pesquisas no campo da medicina regenerativa e de vários outros.
Por
exemplo, os cientistas poderão ver, pela primeira vez, como um tumor se
incorpora nos tecidos sadios ao seu redor, tudo em 3D.
Recuperação
da medula espinhal
A
medula espinhal é rota mais importante para a troca de informações entre a
pele, os músculos e as juntas e o cérebro. Danos às células nervosas nessa região
resultam em paralisia e perdas de sensação irreversíveis.
Diversas
tentativas têm sido feitas para regenerar essas células danificadas.
- Lesão
medular contornada por estimuladores acionados por luz
-
Conexões nervosas são restauradas depois de lesão na medula espinhal
-
Optogenética induz movimento muscular usando luz
Uma das
maiores dificuldades, contudo, é observar as próprias células, para ver se as
terapias em desenvolvimento estão dando resultados ou não, o que demonstra a
importância desta nova técnica.
Fonte:
Diário da Saúde
Enviado
por José Mariano
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