Aposentado com deficiência física constrói o próprio carro, em Fortaleza
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Portador
de doença crônica demorou um ano para montar o veículo. Inventor quer ampliar o
carro para transportar toda a família.
Fonte:
G1-CE
O
aposentado Vilton Fernandes, portador de uma doença crônica que fez com que
amputasse duas pernas e parte do braço, cansou de depender dos outros para se
transportar e decidiu construir um carro por conta própria. O homem de 48 anos
teve essa ideia em 2008, quando encontrou a carcaça de um veículo no lixão do
Bairro Bom Jardim, em Fortaleza. “Sempre fui inquieto e tive a necessidade de
algo para me locomover, além da cadeira de rodas”, afirma Fernandes.
O
carro de Fernandes demorou um ano para ficar pronto. A estrutura foi montada
com a colaboração de mecânicos e pelas mãos dele e da mulher. “Eu mesmo cortei
os ferros e fiz o teto com zincos e canos junto com a minha mulher”, explica. O
motor é de motocicleta, a direção veio de um Fiat e o parabrisa, da traseira de
um fusca. E tudo foi adaptado às necessidades especiais do motorista.
“Consegui
muitas doações. Ganhei os bancos do dono de uma loja de estofados”, afirma. Os
detalhes incluem um copo fixado em um freio de mão improvisado. Fernandes
também preocupou-se com a segurança e providenciou cintos nas cadeiras do
condutor e do passageiro, mas o invento não tem marcha a ré. A esposa ou o
carona dão um “empurãozinho” para movimentar o carro para trás
“Esse
carro são as minhas pernas. Tudo nele foi feito por mim ou a partir da minha
orientação”, afirma Fernandes, que mora com as três filhas e a mulher.
Diariamente, o pai leva as três filhas, de nove, 11 e 13 anos de idade à
escola. Ele abastece mensalmente o motor com 40 litros de gasolina doados pelo
dono de um posto de combustíveis.
Sonho
Três
anos após ter criado o carro, Fernandes já pensa em construir um novo para
transportar toda a família. “Quando terminei de construir era meu carro
preferido. Agora, já quero fazer uma reforma para passear com minha família e
dar mais conforto à minha mulher, que fica com as pernas dormentes depois que
anda nele”, conta.
Doença
está controlada, diz médica
A
primeira amputação do corpo de Fernandes ocorreu quando ele tinha 22 anos. “Da
primeira vez, tiraram o dedão do pé esquerdo”, conta o aposentado. A médica
Vânia Rebouças, responsável pelo tratamento de Fernandes, explica que ele é
portador da Tromboangeite Obliterante, doença de origem desconhecida que está
diretamente ligada ao fumo.
“É
uma inflamação progressiva dos vasos e o paciente pode chegar a ter uma
inflamação das veias e evoluir para a falta de sangue, levando à morte dos
tecidos”, descreve. Com esse quadro clínico, Fernandes teve de passar por 21
cirurgias de amputação. “Antes de amputar, tentamos salvar os membros”, diz
Vânia. Hoje, o “inventor” comemora não ter passado por nenhuma cirurgia nos
últimos nove anos. “A doença foi controlada quando ele abandonou o vício”,
afirma a médica.
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