História de vida de Fernando Santos
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Queridos leitores,
É com muito prazer que hoje conto a história do meu amigo Fernando Santos que me conheceu pelo blog e é um exemplo de superação. Achei esta matéria sobre sua vida no site PcDBrasil, é emocionante. Eu mesma um dia perguntei como ele tetraplégico conseguia nadar e competir, pois eu morro de medo de água depois que tive a lesão.
Conte a sua história
Fernando Santos, de 35 anos,
compartilhou conosco a sua história de vida. O morador da cidade de Ibiúna
sofreu um acidente de carro quando tinha 28 anos, o que resultou na perda dos
movimentos das pernas e das mãos. Após tantas desilusões e quase desistir de
uma recuperação, ele foi convidado a treinar natação. E é o que faz até hoje.
Já competiu em diversas cidades do Brasil e da América do Sul, conquistou
medalhas de ouro, prata e bronze - nas modalidades de nado livre e costas. Superação
é o apelido do rapaz.
Confira a história contada por
Fernando:
No dia 26 de Maio de 2004, na rodovia
Bunjio Nakau, em Ibiúna, sofri um acidente de carro. A principio, não parecia
ser tão grave. Os médicos achavam que era só uma fratura no braço. Mas
depois de algumas horas, perceberam que algo a mais tinha acontecido e com
alguns testes descobriram que eu não respondia a toques nas pernas. Então, fui
transferido para a cidade de Sorocaba e com um raio x apareceu uma grave lesão
na coluna cervical. Conclusão: perdi os movimentos das pernas e das mãos, além
de fraturar o braço.
Devido a demora do hospital de
Sorocaba para realizar as cirurgias necessárias, deu um derrame no meu pulmão e
tive que ser transferido com urgência para o Hospital das Clinicas (HC), em São
Paulo. Foi neste hospital que me devolveram a vida, foram feitas todas as
cirurgias, drenhagem dos pulmões e tudo que foi necessário. Fiquei no
hospital por dois meses e durante 30 dias permaneci na UTI. Sem contar os que
estive na enfermaria. No meio desses dias, eu vi um garoto em uma cadeira
de rodas, e então me perguntei: será que um dia vou conseguir andar em uma
dessas?
Ao voltar para casa, conseguiram para
mim uma cama hospitalar, na qual eu fiquei por alguns meses. Eram
tantas complicações e infecções, que só me desanimavam e estavam quase me
fazendo desistir. Foi quando me chamaram na Associação de Assistência à Criança
Deficiente (AACD), ali passei por diversos médicos.
Comecei a fazer
fisioterapia e conheci pessoas com a mesma lesão que a minha, as quais estavam
super bem. Alguns trabalhando, outros praticando esportes. Na fisioterapia, eu
comecei a me destacar dos outros tetraplégicos. Pois, eles têm na AACD um mapa
que mede as tarefas que os pacientes conseguem fazer, eu consegui uma pontuação
que nenhum outro com a minha mesma lesão tinha atingido.
Quando terminei o
período de fisioterapia, me convidaram para nadar. Foi muito legal e na
primeira aula, eu já nadei sozinho. O treinador falou que eu tinha potencial
para competir, só precisava treinar. Fui o que fiz. Com dois meses de
treino, fui chamado para fazer parte da equipe de natação da AACD, foi difícil
segurar a emoção. Após quatro meses treinando em uma piscina de 12,5m, duas
vezes por semana, fomos para a primeira competição na cidade de
Maringá, no Paraná, em abril de 2009
A equipe era formada
por 20 atletas, sendo uns quatro ou cinco tinha novatos, iríamos passar pela
classificação funcional, que é dividida em: s1 à s10 (pessoas com deficiência
física) e s11 à s13 (pessoas com deficiência visual). Descemos do ônibus na Vila
Olímpica, quando eu vi o tamanho da piscina onde eu ia competir quase tive um
infarto(risos). Eu fui classificado com s3, ou seja, iria nadar duas
provas de 50m livre e 50m de costas.
Na primeira prova, o
treinador segurava os atletas pela perna e dava o tiro (a largada de início).
Quando ele deu o sinal, eu sai nadando, mas parecia que nunca chegava ao
outro lado. Até que eu consegui, lembro como se fosse hoje a cena do treinador
me abraçando e falando "você ganhou dos caras". Em seguida, chegou a
minha irmã com os olhos cheios de lágrimas e disse "você ganhou,
Fer".
A emoção de vencer
depois de todo sofrimento que tinha passado é inexplicável. Atualmente faço
treinamento na cidade de Indaiatuba, localizada a 100 km da minha casa. Treino
três vezes por semana e a prefeitura me ajuda no transporte, mas as despesas,
como alimentação, suplementos e academia saem do meu bolso.
Por Laura Marcon de Azevedo

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