Como chamar as pessoas com deficiência?
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Uma
das discussões mais freqüentes em grupos de inclusão social é como chamar as
pessoas que têm deficiência. O que seria mais adequado falar, em portador de
deficiência, pessoa portadora de deficiência ou portador de necessidades
especiais? O consultor Romeu Kazumi Sassaki afirma em seu artigo, Vida
Independente: história, movimento, liderança, conceito, filosofia e
fundamentos, que não existe um único termo correto, válido definitivamente em
todos os tempos e espaços.
“A
razão disto reside no fato de que a cada época são utilizados termos cujo
significado seja compatível com os valores vigentes em cada sociedade enquanto
esta evoluiu em seu relacionamento com as pessoas que possuem este ou aquele
tipo de deficiência”, explica Sassaki.
Na
Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidade das
Pessoas com Deficiência, ficou decidido que o termo correto utilizado seria
“PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA”. O movimento quer aprovar pela Assembléia Geral da
ONU, a ser promulgada posteriormente por meio de lei nacional de todos os
países-membros, incluindo o Brasil.
Foram
sete os motivos que levaram os movimentos a terem chegado a expressão “pessoas
com deficiência”. Entre eles: não esconder ou camuflar a deficiência, mostra
com dignidade a realidade e valorizar as diferenças e necessidades decorrentes
da deficiência. Sassaki também chamou atenção para combater neologismos que
tentam diluir as diferenças tais como “pessoas especiais” ou “pessoas com
eficiências diferentes”.
Outro
princípio utilizado para embasar a escolha é defender a igualdade entre as
pessoas com deficiência e as demais em termos de direitos e dignidade, o que
exige a equiparação de oportunidades atendendo às diferenças individuais. O
autor diz ainda que a tendência é de parar de usar a palavra “portadora”. “A
condição de ter uma deficiência faz parte da pessoa e esta pessoa não porta sua
deficiência. Ela tem uma deficiência. Tanto o verbo “portar” como o substantivo
ou o adjetivo “portadora” não se aplicam a uma condição inata ou adquirida que
faz parte da pessoa”, esclarece. Ele fala que quase a totalidade dos documentos
estão ao consenso a adotar a expressão “pessoas com deficiência” nas
manifestações.
Histórico
No
decorrer da história, as pessoas com deficiência já tiveram várias
denominações. No século 20, por exemplo, o termo usado era “inválidos” que
significava indivíduos sem valor. Até 1960, eram chamados de “indivíduos com
capacidade residual”, o que segundo o autor Sassaki, foi um avanço da
sociedade, reconhecer que a pessoa tinha capacidade mesmo que ainda considerada
reduzida. Outra variação foi o uso do termo “os incapazes”.
Entre
1960 e 1980, começava-se a usar as expressões “os deficientes” e “os
excepcionais” que focavam as deficiências e reforçavam o que as pessoas não
conseguiam fazer como a maioria. Nos anos 80, por pressão da sociedade civil a
Organização Mundial da Saúde lançou a terminologia “pessoas deficientes”.
Iniciou-se uma conscientização e foi atribuído o valor “pessoas” aqueles que tinham
deficiências, igualando-os em direitos a qualquer membro da sociedade.
Até
os dias atuais, muitos nomes já foram utilizados como pessoas portadoras de
deficiência, pessoas com necessidades especiais, pessoas especiais ou
portadores de direitos especiais. Segundo Romeu Sassaki, todos considerados
inadequados por representar valores agregados a pessoa. Vale lembrar que o uso
dessas expressões estavam inseridas em um contexto social da época.
Fonte:
Comissão de Acessibilidade e Comissão de Valorização da Pessoa com Deficiência
Foto:
Célio Azevedo/ Agência Senado
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