Cadeirante enfrenta dificuldade em novo trem do metrô no Rio de Janeiro
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Desnível
entre a composição e as plataformas das estações é um obstáculo para as pessoas
com deficiência.
Em
março deste ano, André Melo de Souza surfou a famosa onda formada pela pororoca, no Rio Mearim, no Maranhão. Praticante
do surfe adaptado, Andrezinho Carioca, como
é conhecido no esporte, é cadeirante e não teve dificuldade tanto em
vencer a força da água quanto em se deslocar numa cidade como a pequena Arari.
Mas, no Rio
de Janeiro,
neste domingo (26/08), durante um teste proposto pelo jornal O GLOBO, a
dificuldade apareceu: para conseguir entrar num vagão do novo trem do metrô,
André precisou de habilidade extra. O problema: um desnível de cerca de dez
centímetros entre a composição e as plataformas das estações.
“Essa
diferença de espaço, para quem não tem a mobilidade que eu tenho, é muito
considerável. Para entrar, precisei dar impulso e empinar a cadeira. A maior
parte do segmento de pessoas que vivem em cadeira de rodas não faz isso. Creio
que 90% dos cadeirantes não conseguiriam entrar sozinhos no vagão”, afirma o
atleta que, em algumas estações, como a de São
Cristóvão,
enfrentou também a distância excessiva entre a plataforma e o trem.
Em
agosto de 2000, André andava de moto quando sofreu um acidente e teve uma lesão
medular. O
interesse que tinha por esporte continuou depois disso. Já na cadeira de rodas,
jogou handebol, basquete e fez parte da seleção brasileira de remo antes de
ingressar no surfe. Sua capacidade de mover-se é, por isso, maior do que a da
grande maioria dos cadeirantes. Durante a viagem de metrô com André, outros
passageiros comentaram que, inclusive, a diferença de altura será prejudicial
para todas as pessoas com alguma dificuldade de mobilidade, como pessoas com
deficiência, idosos e gestantes.
André
viajou com uma equipe do GLOBO, no fim da manhã no domingo passado (26/08). Ele
pegou o metrô na estação Del Castilhoe foi até a do Estácio. Em todas as outras paradas do trajeto — Maria da Graça, Triagem,
Maracanã e São Cristóvão — foi constatada a mesma diferença de altura entre a
composição e a plataforma. Na estação de São Cristóvão, especialmente, a distância
também era mais acentuada do que nas outras. André lembra que o problema vai
tirar a independência de muitas pessoas com deficiência:
“Apesar
de ser atleta e ter agilidade com a cadeira, eu mesmo, às vezes, preciso da
ajuda de alguém para entrar no metrô, especialmente quando está mais cheio. O
acesso de cadeirantes nos transportes públicos é sempre muito difícil. No trem,
por exemplo, a distância ainda é maior do que aqui. Por isso, ter mais um novo
problema, este desnível, só dificulta um processo que já é muito complicado. A
habilidade que eu tenho não é a realidade de todos”, disse.
Fonte: O Globo
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