Exame de sangue que detecta síndrome de Down chega ao país
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O
teste é colhido no consultório como um exame de sangue comum e vai para os EUA,
onde é feita a análise do material genético do feto que fica circulando no
sangue da mãe durante a gestação.
A
versão mais completa é eficaz para detectar as síndromes de Down, Edwards,
Patau, Turner, Klinefelter e triplo X e custa R$ 3.500 no IPGO (Instituto
Paulista de Ginecologia e Obstetrícia), em São Paulo.
Nos
próximos meses, o laboratório do hospital Albert Einstein e o Fleury também vão
comercializar exames similares, que já estão disponíveis no mercado americano
há pouco mais de um ano.
Hoje,
o diagnóstico dessas síndromes congênitas é feito por meio do ultrassom e do
exame do líquido amniótico ou da biópsia do vilo corial, em que é retirada uma
amostra da placenta.
Esses
testes são invasivos e trazem um risco de até 1% de abortamento.
Além
de não aumentar o risco de complicações na gravidez, o novo teste pode ser
feito antes dos tradicionais, indicados, em geral, a partir do início do quarto
mês de gestação. O resultado fica pronto em cerca de 15 dias. Segundo o
ginecologista Arnaldo Cambiaghi, diretor do IPGO, nenhuma amostra de sangue foi
enviada para análise ainda.
O
obstetra Eduardo Cordioli, coordenador-médico da maternidade do hospital Albert
Einstein, lembra que, se o resultado do teste de sangue for positivo, o
diagnóstico deve ser confirmado por meio da biópsia do vilo corial.
"O
novo teste vai reduzir o número de biópsias feitas de forma desnecessária. Mas
é preciso confirmar os resultados positivos."
ABORTOS
O
problema é o que fazer diante de um resultado positivo. O aumento no número de
abortos foi uma preocupação de grupos da sociedade civil na Europa e nos EUA
após a aprovação desse tipo de teste nesses mercados.
No
Brasil, o aborto é proibido a não ser em caso de anencefalia, violência sexual
ou risco de vida para a gestante, mas estima-se que mais de 1 milhão de
mulheres o pratiquem por ano.
"Por
um lado, o exame vai tranquilizar a grande maioria que não vai ter problemas.
Por outro, permite que os pais se preparem caso vão receber uma criança com
alguma anomalia cromossômica", afirma Cambiaghi.
Entre
as síndromes detectadas pelo exame, a de Edwards e a de Patau são praticamente
incompatíveis com a vida, de acordo com Artur Dzik, diretor científico da
Sociedade Brasileira de Reprodução Humana.
Para
ele, a entrada do teste no país não deve aumentar o número de abortos porque o
acesso ao exame de preço alto será restrito e porque as mulheres que vão
procurá-lo já teriam indicação para realizar os testes tradicionais. "Isso
vai fazer parte do pré-natal de alto risco, para mulheres com mais de 38
anos."
No
caso das síndromes de Patau e Edwards, afirma Cordioli, do Einstein, é possível
pedir uma autorização judicial para realizar o aborto. "Mas cada caso é
analisado separadamente."
Para
síndrome de Down, anormalidade cromossômica mais comum, esse tipo de
autorização não pode ser pedida, porque o problema não é incompatível com a
vida.
Volnei
Garrafa, professor titular de bioética da UnB (Universidade de Brasília), diz
que a oferta de um teste como esse e as questões morais ligadas a ele deveriam
passar por uma discussão ampla, em um conselho de bioética e no Congresso.
"Para
interromper a gravidez, os pais teriam de pedir liminares. Como o Legislativo
não faz as leis, o Judiciário acaba fazendo, o que é uma distorção da
democracia."
Fonte: http://primeiraedicao.com.br
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