Exoesqueleto para paraplégicos começa a ser testado em humanos em junho, diz Nicolelis
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O neurocientista Miguel
Nicolelis,
durante a palestra no auditório da
Finep, no Rio.
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O ambicioso projeto do grupo de
cientistas comandado pelo paulistano Miguel Nicolelis, 52, que pretende fazer
um paraplégico dar o pontapé inicial da Copa de 2014, no Brasil, usando um
esqueleto biônico controlado pelos pensamentos, deve entrar na fase de testes
com humanos no mês que vem.
A revelação foi feita por Nicolelis
durante palestra ontem na Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), a agência
pública brasileira que financia o projeto, chamado Andar de Novo e orçado em R$
33 milhões.
"As primeiras simulações do
exoesqueleto já foram feitas e, para minha satisfação, ele funciona como
planejado", disse Nicolelis, que está à frente do IINN (Instituto
Internacional de Neurociências de Natal) e é professor da Universidade Duke (EUA).
Segundo ele, até o momento, já houve
uma simulação com macacos usando um protótipo. "Conseguimos realizar
padrões de marcha usando simuladores e, daqui a alguns meses, a gente espera
que esse macaco ande com o exoesqueleto tanto lá na Duke quanto no nosso laboratório
aqui em Natal."
Para os testes com humanos, os
voluntários serão selecionados pela AACD (Associação de Assistência à Criança
Deficiente) , em São Paulo, segundo Neiva Paraschiva, diretora-executiva da
associação que gerencia o IINN. Ela afirmou também que os primeiros testes
"não serão invasivos", ou seja, não haverá a conexão de eletrodos ao
cérebro do paciente para que eles possam emitir os comandos que controlarão o
exoesqueleto. O equipamento deve incluir ainda um revestimento que dará um feedback
tátil ao cérebro do usuário, permitindo que ele "sinta" o chão onde
pisa.
Segundo a AACD, serão selecionados
para o teste dez pacientes com lesão medular incompleta, isto é, ainda com
algum grau de movimento.
O superintendente-geral da instituição,
João Octaviano Machado Neto, diz que a aprovação do estudo pela Conep (Comissão
Nacional de Ética em Pesquisa) deve sair ainda neste mês.
A parceria da AACD com os cientistas,
financiada pela Finep, ampliará o laboratório da entidade, criando "o mais
avançado laboratório de reabilitação neurorrobótica do planeta", segundo
Nicolelis.
O cientista disse também que o
primeiro simulador de locomoção completo do mundo será testado na AACD
"nas próximas semanas".
"O paciente vai olhar para um
avatar de si mesmo andando e vai treinar o cérebro, usando a informação visual,
para gerar os sinais que precisamos pegar para controlar o exoesqueleto no
futuro."
Nicolelis se emocionou ao citar a meta
de demonstrar o projeto na abertura da Copa.
"Se tudo der certo, um brasileiro
ou uma brasileira, jovem adulto, de até 1,70 m, com até 70 kg, vai levantar de
uma cadeira de rodas, realizar 25 passos da linha lateral até o centro do
gramado e abrir a Copa com um chute da ciência brasileira para toda a
humanidade", disse o cientista, indo às lágrimas.
Para Machado Neto, da AACD, o prazo
curto, de um ano, até a abertura da Copa não é um problema. "É um desafio,
mas os desafios produzem grandes resultados."
Ainda que o exoesqueleto não seja uma
solução para todos os paraplégicos, diz ele, é uma vertente importante de
pesquisa. "Temos toda sorte de paciente, o importante é melhorar a
qualidade de vida deles."
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