Mãe de coração, mulher adota quatro crianças deficientes no Rio Grande do Norte
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Queridos leitores, para comemorar e homenagear todas as mães pela luta, carinho e dedicação a seus filhos trago a história de um exemplo de mãe a ser seguido e admirado.
FELIZ DIA DAS MÃES!
Obrigada mãe por tudo!
Por
Felipe Gibson
Lana
Ribeiro de Araújo, 53 anos, tem dez filhos entre biológicos e adotivos.
Atualmente cinco moram com ela em Parnamirim, na Grande Natal.
Depois
de quatro filhos biológicos, a funcionária pública Lana Cristina Ribeiro de
Araújo, de 53 anos, deu início ao que ela chama de “partos do coração”. Até
agora seis, todos de crianças encontradas em situações de risco, com problemas
de saúde ou algum tipo de deficiência. As adoções ocorreram em um intervalo de
18 anos, entre 1992 e 2010. “Às vezes perguntam se eu tenho uma creche. Não,
são todos meus filhos. Não nasceram do meu ventre, mas nasceram do meu
coração”, diz Lana, que não contém as lágrimas ao contar a história de cada um
deles. A pouco menos de uma semana do Dia das Mães, ela é a prova do quão
grande pode ser o amor materno.
Gessica,
24 anos, Gean, 11, Gabriela, 11, Gabriel, 11, Giovana, 10, e Guilherme, 3,
tiveram histórias de vida difíceis, mas que ganharam um enredo de amor ao
encontrar Lana. Todos com o nome iniciado pela letra G, como quis o pai Gediel
Ribeiro de Araújo, de 60 anos, reservista da Aeronáutica
que deu sequência à tradição iniciada com os filhos biológicos Gediel Júnior,
Gedielson, Gediendson e Gedilana. Se o nome não começava com G, o pai fazia
questão de mudar. Jéssica, por exemplo, virou Gessica. O menino João Maria
virou Gean. E assim foi com todos os demais filhos adotivos.
Na
casa de quatro quartos, em Parnamirim, na Grande Natal, moram cinco dos seis
filhos adotivos. Com exceção de Gessica, os demais continuam sob a asa da mãe.
Quatro deles possuem algum tipo de deficiência. Os que requerem mais cuidados
são Gean e Guilherme. Acometido por uma paralisia cerebral desde o nascimento e
com grandes limitações para se movimentar, Gean vive em uma cadeira de rodas e
não fala. O acompanhamento médico tem de ser constante para evitar complicações
na saúde do garoto.
Já
o integrante mais novo da família, Guilherme, sofre de síndrome de Moebius, um
distúrbio neurológico que ataca o desenvolvimento dos nervos e afeta
principalmente as expressões faciais. Nada que impeça o menino de correr e
brincar o tempo inteiro. A entrevista foi interrompida algumas vezes para
chamar a atenção de ‘Gui’, como é carinhosamente chamado. Além deles, Gabriela
nasceu com uma má formação na mão direita, e Giovana teve sequelas de um
atropelamento sofrido antes da adoção.
Lana
costuma dizer que a porta de seu coração foi aberta por Gessica, primeira filha
adotada, na época que o casal morava em São Paulo, em 1992. Dez anos depois, já
no Rio Grande do Norte, vieram os outros cinco, que garantem um dia a dia
corrido. “Para muita gente nós não temos juízo (risos). Mas me sinto uma mãe
realizada e abençoada. Se você não pode ser mãe do ventre, você pode ser de
coração”, afirma.
Crianças
tiveram passado difícil
Lana
conta que encontrou Gean na creche Menino Jesus, para onde foi depois de ser
entregue ao conselho tutelar pela família biológica. “Ele passava mais tempo
internado no Hospital Infantil Varela Santiago do que no abrigo”, lembra Lana.
Mesmo sabendo das limitações e dos cuidados necessários para cuidar de Gean, a
mãe não titubeou em adotar o garoto.
Giovana ouve Lana contar sua história de vida
(Foto: Felipe Gibson/G1)
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A
mãe relata que as dificuldades eram grandes no começo, porém desde que
conseguiram incluir o Home Care – serviço de acompanhamento clínico fora do
hospital – no plano de saúde, a situação melhorou. “Tem a dificuldade, o
trabalho e o gasto, mas não importa. Gean é nosso filho e vamos brigar com
ele”, reforça a funcionária pública.
Com
acompanhamento especializado dentro de casa, o garoto pode crescer junto da
família e se desenvolver, mesmo dentro de suas limitações. Para alegria da mãe.
“Hoje ele se mexe e responde a alguns estímulos”, conta. Adotado em 2003,
quando tinha menos de um ano de vida, Gean veio do mesmo abrigo de Gabriel e
Gabriela.
Lana
conta que Gabriel sofria de pneumonia crônica. Quando o viu, foi amor à
primeira vista, confessa. “Quando peguei o Gabriel, disse logo que era meu. Fui
impedida de entrar no hospital quando ele estava internado porque não era a mãe
biológica. Lá mesmo falei ‘só saio daqui com meu filho’”, recorda.
Gabriel
entrou na família aos cinco meses, em 2002, pouco depois de Gabriela, que virou
uma Ribeiro de Araújo aos dois meses. A menina nasceu com uma má formação na
mão direita, na qual só tem dois dedos. “A assistente social me mostrou a foto
dela e decidi adotá-la”.
Seis
anos depois, em 2008, foi a vez de Giovana, que tinha seis anos quando foi
adotada. Atropelada por um ônibus aos dois anos de idade, ela passou um ano
internada no Hospital Maria Alice Fernandes. Em decorrência do acidente, perdeu
um rim e teve problemas nas pernas e no pé. Os pais biológicos perderam a
guarda da filha, que foi encontrada por Lana na Casa de Passagem I. Com sorriso
estampado no rosto durante a entrevista da mãe, Giovana diz: “daria todo o meu
amor pra ela”.
Novos
filhos? Por enquanto não
Ao
ser perguntada se adotaria mais algum filho, Lana acha que a família está de
bom tamanho, mas reluta. ”Não vou dizer que dessa água não beberei (risos), mas
já avisei a Deus que está bom”, diz. O marido Gediel confessa que é apertado
manter a família, porém com ajuda o casal não deixa faltar nada em casa. ”Além
dos nossos salários, os meninos recebem bolsa de estudos na escola e ganhamos
algumas doações de roupa. Dá para se virar”, garante.
Gediel,
por sinal, tem que se virar para cuidar das crianças quando Lana está ausente.
”Quando preciso ficar no hospital com Gean, o pai cuida da casa, faz
supermercado e leva as crianças na escola”, conta.
O
casal Lana e Gediel se conheceu no interior de São Paulo, na cidade de Lorena.
Gediel fazia um curso da escola de sargentos da Aeronáutica quando conheceu a
paulista Lana numa reunião evangélica. Depois de morar em outras cidades do
país, o casal fixou residência no RN.
Para
os dois, todo o esforço é válido para dar um futuro digno às crianças. A
primeira filha adotiva, Gessica, já casada e com filho, deixa o casal
orgulhoso. “É formada em jornalismo e trabalha em uma companhia aérea, o que
rende até alguns descontos na hora de viajar”, brinca o pai. Lana acredita que
assim como os filhos mais velhos, os mais novos também seguirão um caminho de
sucesso na vida. ”Que eles sejam homens e mulheres de bem”, deseja a mãe.
Fonte:
G1
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