Amputação e Reimplante: membro amputado deve ser cuidado rapidamente, diz especialista
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Procedimento tem grande chances de sucesso, por isso o membro amputado deve ser cuidado rapidamente |
A amputação acidental de um membro – como
um corte violento, um acidente de trabalho ou um arrancamento – causa um susto
muito grande por seu impacto visual, mas com calma e agilidade a situação pode
se tornar menos definitiva do que parece. Se a parte separada do corpo for
cuidada e levada rapidamente, junto à pessoa acidentada, a um centro
especializado, as chances de um reimplante com sucesso são muito grandes.
O reimplante é um procedimento cirúrgico de
reconstrução e religamento das artérias, veias e das demais estruturas de um
segmento amputado, de forma completa. Seu objetivo não é apenas restabelecer a
perfusão sanguínea, mas sobretudo obter o retorno da função dessa extremidade.
Para tanto, assim que ocorre a amputação, é
muito importante que o membro amputado seja cuidado o mais rapidamente
possível. O ideal é lavá-lo com solução antiséptica, envolvê-lo em compressa
estéril embebida em soro fisiológico e depois colocá-lo em um saco plástico
estéril dentro de um recipiente com gelo, sem contato direto para que não haja
queimadura da pele.
Como nem sempre as pessoas contam com
soluções antisépticas à mão, pode-se colocar o membro amputado sob água
corrente apenas para tirar a sujeira mais grosseira e depois colocá-lo dentro
de um saco limpo, para então posicioná-lo em um recipiente com gelo. Depois
disso, o ideal é chegar em pouco tempo a um hospital ou posto de saúde. Caso
não seja possível realizar o procedimento de reimplante ali, será possível pelo
menos o acondicionamento correto da parte amputada.
“Qualquer segmento corpóreo que seja
amputado traumaticamente poder ser reimplantado desde que tenha uma artéria e
uma veia reparável para que se recupere o fluxo sanguíneo”, afirma o cirurgião
ortopédico do Einstein, Dr. Rames Mattar.
“Os resultados funcionais desse
procedimento são muito melhores do que as próteses disponíveis ainda hoje, por
isso deve-se sempre tentar o reimplante”, alerta.
Quanto tempo o
reimplante consegue esperar?
O tempo de isquemia, ou seja, que a parte
amputada pode ficar sem circulação sanguínea, é de no máximo 6 horas, desde que
ela esteja mantida em hipotermia a 4 graus (no gelo, por exemplo). Depois desse
tempo, ela entra em metabolismo sem oxigênio e produz ácido lático e uma série
de outros catabólitos. Se for reimplantada, pode trazer risco à vida do
indivíduo.
De qualquer forma, porém, decidir se o
membro pode ou não ser reimplantado cabe apenas à equipe médica. Portanto, caso
um trauma com amputação aconteça, siga as instruções acima e procure
rapidamente um hospital.
Nas amputações de dedo ou ao nível da mão,
por exemplo, a quantidade de tecido sem sangue arterial é pequena e a
quantidade de substancias tóxicas geradas não é suficiente para trazer risco de
vida ao paciente. “Existem casos em que o reimplante foi realizado em mais de
cinquenta horas após a amputação”, conta o Dr. Mattar.
Por isso o mais importante é manter o
membro amputado bem acondicionado, limpo, em ambiente estéril e hipotermia.
“Nestas condições, é muito difícil que o reimplante não possa ser realizado. Um
problema, porém, é que no Brasil existem poucas equipes treinadas para este
procedimento”, afirma.
RISCO DE VIDA - Mesmo com as dicas
acima, é muito importante saber que o reimplante, que é um procedimento
demorado, só é indicado se o paciente não estiver correndo risco de vida por
outras lesões.
“Em eventos traumáticos, muitas vezes o
paciente chega ao hospital com outras complicações, mais graves, que oferecem
risco imediato a sua vida. Só realizamos a cirurgia de reimplante se o paciente
não estiver correndo este risco. A prioridade é sempre salvar a vida do indivíduo
antes de qualquer coisa”, explica o cirurgião.
O reimplante de membros inferiores, por
exemplo, acontecem com menor frequência se comparado ao de membros superiores.
Justamente porque a energia liberada pelo trauma costuma ser tão grande que o
paciente chega ao hospital com lesões abdominais, por exemplo, que oferecem
maior risco de vida e, portanto, é tratada com prioridade.
SENSIBILIDADE - Quando um reimplante
é realizado, todas as estruturas são reparadas, inclusive os nervos
periféricos. Portanto, além da função, a sensibilidade também é reparada, mesmo
que o resultado não seja perfeito.
É claro que, apesar da tentativas, a
reparação da anatomia da forma exata que era antes do trauma nem sempre é
possível. “O membro pode ficar encurtado, ganhar uma forma um pouco diferente e
sem a sensibilidade completa. Mesmo assim, os resultados são superiores às
próteses, que não oferecem nenhuma sensibilidade”, alerta o médico.
Quanto ao retorno da funcionalidade, alguns
fatores podem influenciar, como a idade do paciente (quanto mais jovem, melhor
o resultado funcional), a motivação, a ocupação e o tempo de isquemia.
* Cirurgião ortopédico do Einstein
Fonte: Hospital Albert Einstein e Passo Firme
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