Fernando Aranha: um atleta consagrado em busca dos jogos de inverno
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Os
atletas brasileiros estão entre os sete melhores do mundo nos Jogos
Paralímpicos de Verão e agora buscam novas conquistas nas Paralimpíadas de
Sochi 2014, na Rússia. Desta vez será na neve, em esportes como sky cross
country e snowboard. A iniciativa é da Confederação Brasileira de Desportos na
Neve (CBDN) e do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).
E
Fernando Aranha é um dos atletas postulantes a uma vaga nas competições. Membro
do Clube de Ciclismo de São José dos Campos/SP, participante do projeto Bolsa
Atleta do Governo Federal, ele conta com apoio da Bodytech, Instituto Mara
Gabrilli, Mynd Sportswear, Bike Velo e Superação Clube Paradesportivo.
Conhecido em disputas de handbike e triathlon, Fernando tem sequela de pólio e
é formado em Comunicação Social, habilitação Rádio e TV, trabalhando no setor
de pós-produção da SP-Telefilm.
O
interesse por esportes é antigo: no internato onde cresceu, o Pequeno Cotolengo
de São Luiz Orione, em Cotia/SP, se destacava em jogos pela agilidade e
destreza, além da audácia, e sempre se propunha a jogar nas aulas de educação
física, embora naquela época, os alunos com deficiência fossem dispensados de
participar. "Sempre fui bom esportista e gostava muito dos esportes em
geral pelas possibilidades que me proporcionavam com relação a testar meu
corpo", conta Fernando.
Ele
jogou também basquete enquanto experimentava atletismo e, por volta de 10 anos
atrás, tendo que conciliar trabalho, faculdade e esportes, optou em praticar as
modalidades individuais, inicialmente pela qualidade de vida. "Isso me
conduziu aos esportes de resistência, como as maratonas, e para melhorar minha
performance, fui atrás de uma handbike, que me levou para o ciclismo, onde
acabei me destacando", conta.
Apenas
no fim dos estudos teve maior oportunidade de se dedicar ao esporte de
rendimento, pois os treinos demandam muito tempo. Tendo praticado corrida e
ciclismo, acabou sendo "quase" natural se aventurar nas provas de
triathlon. "Quase, porque a natação não fazia parte de minhas atividades
até então, mas me dediquei e o triathlon acabou se tornando meu esporte de
preferência e prioridade, o que me levou a ser madalhista de bronze no Mundial
de Paratriathlon em Beijing - China 2011, em meu primeiro mundial na
modalidade. Acho que acertei na escolha e me senti muito feliz quando foi
anunciado como esporte a debutar nas Paralimpíadas Rio 2016", afirma
Fernando.
Sua
história nos esportes é de sucesso comprovado: no ciclismo tem 8 títulos
nacionais, sendo quatro Contra Relógio e quatro de Resistência, além de provas
regionais como Copa América e Campeonato Vale Paraibano. No Triathlon são dois
títulos nacionais, além de etapas no troféu Brasil de Triathlon e Campeonato
Paulista, vislumbrando mais um agora em abril, em João Pessoa/PB. No atletismo
já foi campeão e recordista das provas de 800 mts e 1.500 mts, 5 vezes campeão
da São Silvestre na Categoria Cadeirante e 3 vezes na Maratona de São Paulo,
além de ter participado por 5 vezes da Maratona de Nova York e outras provas
internacionais.
Agora
suas atenções se voltam para outra frente, já que foi convidado a treinar para
a disputa de ski cross country pela CBDN e CPB, por seu histórico nos esportes
de resistência e seus constantes "desbravamentos" em modalidades não
tão tradicionais para pessoas com deficiência. "Os treinamentos em neve
foram bem difíceis, mas muito proveitosos. Tive muito boa adaptação com relação
ao clima, mas claro que preciso tomar certos cuidados para com o ambiente. Já
com relação aos treinos específicos foi um pouco mais complicado, é preciso ter
experiência na neve e, como no Brasil não tem neve, fica difícil. Desenvolver
um equipamento próprio para competição foi um complicador. Até colocar em ordem
um sitski com razoável qualidade à minha necessidade, perdi vários dias entre
tentativas, erros e acertos", conta Fernando, sobre a temporada em
fevereiro último, na Suécia.
De
volta ao Brasil, os treinamentos com o técnico Tiago Gorgatti seguirão mais
intensos, mas dentro do que a falta de neve permite. Ele terá que desenvolver
um sitski para asfalto para simular, da melhor maneira possível, as situações
que encontrou na neve, além de conciliar com suas atividade no triathlon.
"Com relação à possível classificação para Socchi, ainda tenho uma
temporada no fim de 2013 para conseguir a pontuação mínima, que é algo que me
motiva bastante, pois em apenas um mês de treinos na neve e com todos os
problemas ocorridos, cheguei bem próximo da pontuação. Tem muito espaço para
crescer ainda", assegura.
Fernando
é um entusiasta do esporte em geral, para todas as pessoas, independente de
suas condições, já que além de exercitar o corpo, é possível exercitar muito
mais a mente, o foco, a estratégia e a vontade, experimentando sensações e
controlando as emoções. "Esporte é para mim uma maneira de viver uma vida
inteira de forma compactada a cada evento. As pessoas com deficiência sempre
dão exemplos de superação e o esporte é uma ferramenta para isso, mas acho que
não por terem uma deficiência, mas por serem humanas. Todos nós superamos,
sempre. O esporte está ai para nos ajudar a superar e desenvolver",
finaliza Aranha.
Fonte: Revista Reação - Edição 91
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