Locadora paulista é exemplo em transporte acessível
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O transporte acessível ainda tem muito espaço para crescer,
mas há alguns avanços, como várias cidades que já possuem táxis e locadoras
especializadas, além de serviços nos moldes do ATENDE, da prefeitura
paulistana, que são copiados em várias cidades brasileiras. "Esse é um
mercado relativamente novo, onde até pouco tempo as empresas pensavam que
bastava colocar um adesivo de acessibilidade em seus para-brisas e os veículos
já estariam aptos a realizarem esse tipo de transporte", analisa Mauro
Zillig, sócio responsável pela parte operacional da Azul Locadora,
especializada no transporte de pessoas com deficiência, que fica na zona sul da
capital paulista.
Ele acredita que ainda são poucas as empresas que se
dedicam a esse mercado, seja por falta de incentivo do governo (isenções), ou
ainda por falta de visão do nicho como negócio. Com mais incentivos ou
legislação específica por parte do governo, como o exemplo recente da
obrigatoriedade das empresas de ônibus de fretamento possuírem equipamentos de
acessibilidade e espaços para cão-guia, além de outros atendimentos a pessoas
com mobilidade reduzida, o transporte acessível tende a se expandir
rapidamente.
Zillig lembra ainda que, nos próximos anos, o Brasil terá
grandes eventos, como a Copa do Mundo, as Olimpíadas e Paralimpíadas, e esse é
um mercado que precisará ser atendido, fora a própria população interna.
Na capital paulista, a primeira Van adaptada para
transporte escolar acessível começou a circular em 2009, na região da Capela do
Socorro, na zona sul. Desde 2002 os sócios da Azul atuavam como pessoas físicas
na condução de crianças, mas foi só com a constituição da empresa que as
pessoas com deficiência entraram no rol de clientes.
Com o tempo, a empresa se especializou e diversificou o
atendimento, passando a servir, além dos alunos com deficiência, pacientes em
tratamentos, eventos, fretamento eventual e turismo adaptado. Mais de 90% do
faturamento atual vem do público usuário com deficiência. Atualmente, a empresa
atende, diariamente, cerca de 75 escolas e entidades, em diversas cidades de
São Paulo. A frota é composta por 3 Vans adaptadas e outras 13 adaptadas
exclusivamente para o transporte de alunos. "Até o final desse ano pretendemos
ampliar ainda mais nossa frota, praticamente dobrando a quantidade de veículos
acessíveis", planeja Zillig. A Azul também trabalha com veículos
convencionais, com capacidade entre 12 e 30 pessoas.
Os veículos adaptados possuem o layout para o transporte de
dois cadeirantes e mais oito não cadeirantes, todos com plataformas hidráulicas
para elevação de até 350 Kg. Os demais clientes são eventuais, compostos
geralmente por pessoas em passagem pela cidade e que precisam de um transporte
com maior capacidade do que um taxi acessível e maior agilidade e conforto do
que um ônibus.
Atendimento diferenciado
Os profissionais, sejam motoristas ou monitores de
transporte, possuem cursos de mobilidade reduzida com carga horária de 18 horas
aplicada por instituições conveniadas. No caso dos motoristas, eles possuem
habilitação na categoria D ou E, cursos para o transporte escolar ou o de
transporte coletivo. Além disso, são oferecidos aos profissionais treinamentos
in-company, de modo que os clientes tenham um transporte com qualidade,
segurança e respeito.
De acordo com Zillig, a maior parte dos clientes hoje tem
origem em licitações e concorrências de empresas e órgãos públicos. "As
empresas privadas ainda precisam despertar para a o transporte inclusivo dos
seus funcionários. É bastante comum empresas buscarem profissionais com
deficiência para comporem os seus quadros, mas ainda não oferecem a eles um
transporte que seja adaptado para a locomoção entre as suas residências e o
local de trabalho", afirma.
No fretamento eventual, a empresa atende, geralmente,
pessoas que participam de reuniões, eventos e palestras. Nesse tipo de
transporte é comum o veículo ficar à disposição por um período de 4 a 12 horas,
oferecendo o deslocamento conforme as necessidades dos clientes. Os demais
possuem destinos fixos, seja para tratamento ou o transporte entre as
residências e escola ou trabalho. "Estamos também estudando o crescimento
dos destinos para turismo adaptado, buscando soluções para que possamos oferecer
o transporte até essas cidades", explica o responsável.
"Para nós, trabalhar com pessoas com deficiência é a
oportunidade de poder contribuir de forma ativa para a inclusão e a formação
dos alunos que transportamos. É também a gratidão por podermos colaborar com os
funcionários e pacientes que se locomovem entre suas residências e o local de
seu trabalho, lazer ou de tratamento. O nosso desejo é poder oferecer o que há
de mais moderno e seguro para os nossos clientes e essa energia nos abastece
diariamente para pensarmos em como melhorarmos dia após dia" conta Zellig.
"Esperamos que com a chegada dos grandes eventos e a
exposição que nossa equipe paralímpica tem tido desde a última Paralimpíada,
nosso país passe para outro nível no que se refere ao transporte adaptado, seja
na adaptação de suas rodoviárias e aeroportos ou em serviços municipais,
intermunicipais e interestaduais de transporte. Torcemos para que outras
cidades descubram a importância do turismo adaptado e passem a oferecer mais
opções aos seus visitantes. Com todos esses investimentos, enxergamos que
existirão oportunidades para que novas empresas passem a trabalhar com esse
mercado e, dessa forma, os usuários finais é que sairão ganhando", conclui
o sócio.
A Azul, não só pela qualidade e excelência da prestação de
seus serviços, mas também pelo empenho e disposição de seus proprietários e
colaboradores, é exemplo no atendimento a pessoas com deficiência nesse tipo de
transporte adaptado, com Vans equipadas com plataformas, e serve de exemplo de
sucesso e referência para outras empresas, empreendedores e até mesmo gestores
públicos. Esse tipo de transporte não só é um nicho de mercado ainda a ser
explorado em todo Brasil, como também é um serviço obrigatório a ser prestado
pelos municípios aos cidadãos. Fica aqui o exemplo e a dica.
Fonte: Revista Reação - Edição 90
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