Grupo quer ‘atualizar’ o símbolo de acesso às pessoas com deficiência
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Damon
Rose - Da
BBC News
O novo símbolo (dir), do Accessible Icon Project, quer retratar uma pessoa com deficiência mais proativa |
O símbolo que representa uma pessoa em uma
cadeira de rodas se tornou um dos ícones mais usados e instantaneamente
reconhecidos no mundo para representar as pessoas com deficiência física. Em
circulação desde 1969, esse “símbolo internacional de acessibilidade” está
presente no transporte coletivo, em vagas de estacionamento e em milhões de
edifícios.
Mas um grupo de designers americanos
autodenominado Accessible Icon Project quer, agora, dar a ele um “ar” mais
atual – ou mesmo paraolímpico.
Seu novo desenho é baseado no antigo, mas
mostra a figura inclinando-se para a frente, ativamente empurrando sua cadeira
de rodas.
A ideia por trás disso é que o antigo desenho “tem pernas e braços que parecem mecânicos, sua postura é ereta de forma não natural e seu visual completo torna visível a cadeira de rodas, e não a pessoa”, diz o site do grupo.
O novo ícone começou a ser usado como uma espécie de “arte de guerrilha” em um campus universitário em Boston, diz a artista Sara Henson, palestrante na Escola de Design de Rhode Island.
Segundo ela, o desenho é “uma metáfora de autodeterminação” e o antigo símbolo já se tornou praticamente invisível para as pessoas.
O ícone do projeto começou a despertar interesse em diferentes partes do mundo, dos EUA à América Latina e à Índia.
“Estamos ansiosamente de olho no que acontece em Nova York, cidade que disse que implementaria o novo símbolo, mas está atualmente na fase da burocracia”, diz Hendron. “Enquanto isso, recebemos (pedidos) de outras cidades, bem como de organizações e instituições.”
Dúvida
Mas a adoção do símbolo depende de diversos fatores.
Barry Gray integra o comitê de símbolos gráficos da Organização Internacional de Padronização (ISO, na sigla em inglês). Ele gosta da ideia de Hendron, mas alega que seu significado não está claro.
Ícone tradicional está presente em estacionamentos e edifícios do mundo inteiro. “A ideia do design está relacionada a uma cadeira de rodas em velocidade, mas não estamos tentando criar um símbolo de uma cadeira de corridas”, argumenta. “Tenta-se passar a ideia de que o caminho sinalizado é por onde você entra no prédio, e não por onde você vai sair em disparada.”
E há outra questão envolvendo o símbolo
antigo, e não necessariamente resolvida pelo novo: ele representa um usuário de
cadeira de rodas, mas foi criado para simbolizar acesso também para deficientes
visuais e outros que não necessariamente usem a cadeira.
A artista visual Caroline Cardus defende que o símbolo global sequer tenha a cadeira. “Se as demais deficiências não estão representadas, a mensagem subliminar é de que, se o local é adaptado para cadeiras de rodas, então os demais podem se virar – e isso não ajuda em nada.”
Cardus acha que a acessibilidade talvez possa ser representada por símbolos que incluam a letra “A” – ou a letra pela qual a palavra acessibilidade comece em cada idioma. E sugere que incorpore, por exemplo, cores de fundo para dar informações extras, como se o local tem ou não degraus.
Dificuldades
Gray, por sua vez, diz que há conversas para melhorar a identificação de acessibilidade de um local para, por exemplo, pessoas com deficiências mentais – mas alega que isso é muito difícil de descrever visualmente.
O símbolo de uma orelha, por exemplo, indica a presença de sistemas de auxílio auditivo; e outros símbolos mais específicos de acessibilidade começam a se popularizar. Gray cita, entre eles, o ícone de uma pessoa segurando a mão da outra, que serve para indicar a existência de pontos de ajuda para pessoas com dificuldades cognitivas.
E Hendron admite que há limites para o que pode ser obtido com símbolos gráficos: “Não uso muito saias, mas o ícone de banheiros femininos costuma ser o da mulher de saia. Há um problema nisso? Provavelmente, mas é uma falha que eu aceito porque (o símbolo) me permite identificá-lo rapidamente.”
Fonte: BBC Brasil
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