AME: 23 anos !!! Grupo de pais de São Paulo cria entidade há mais de 20 anos e se torna referência em atendimento

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Foi em 1990 que um grupo de pais, trabalhadores do Metrô de São Paulo, se reuniu para buscar melhores condições de atendimento para seus filhos e o apoio de colegas e da empresa para iniciativas sociais em prol das pessoas com deficiência. Nascia assim, a Associação Amigos Metroviários dos Excepcionais (AME).

Apesar de ter sido constituída e ser dirigida por empregados do Metrô, os serviços da AME são abertos a todas as pessoas. "Os esforços da entidade estão voltados para viabilizar a inclusão social das pessoas com deficiência, procuramos parcerias que ampliem suas oportunidades. Colocamos nossa expertise a serviço da sociedade para promover o acesso aos serviços e bens públicos", conta José de Araújo Neto, presidente da entidade.

Em 1993 começou a funcionar o Centro de Desenvolvimento Humano, unidade clínica no bairro do Tatuapé, zona leste da capital paulista, que atende hoje 249 pessoas, de bebês a adultos, nas áreas de: Neuropediatria, Fonoaudiologia, Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Psicologia, Psicopedagogia e Serviço Social. Oferecendo serviço de diagnóstico, intervenção terapêutica e orientação familiar.

Além do atendimento clínico, a AME atua em iniciativas como o Programa de Acompanhamento do Desenvolvimento Infantil, em parceria com o Metrus, plano de assistência à saúde do Metrô, com o objetivo de detectar fatores de risco que possam implicar em atraso no desenvolvimento, desde o nascimento, permitindo intervir precocemente.

A principal fonte de renda da entidade vem de serviços prestados as empresas públicas e privadas. Conta também com a colaboração de cerca de 4.200 associados que contribuem voluntariamente. "Hoje, os esforços da AME estão voltados para viabilizar a inclusão social das pessoas com deficiência. O lugar delas é na sociedade, não nas instituições", garante Neto.

A AME desenvolve projetos e programas que viabilizam a colocação de profissionais com deficiência no mercado. Esta ação tem possibilitado ampliar as oportunidades de trabalho, promovendo a inclusão social e a melhoria da qualidade de vida. A assessoria oferecida engloba diversos serviços como recrutamento e seleção, sensibilização, análise do posto de trabalho e capacitação, entre outros. "Cabe ressaltar que nosso olhar é voltado para o potencial do indivíduo e não para sua limitação, isso é bem observado em nossas entrevistas que são estruturadas por competência, assim como nas dinâmicas de grupo e nas simulações", explica o presidente. "Outro aspecto fundamental é a sensibilização da equipe, que tem como principal objetivo trabalhar eventuais resistências advindas da falta de informação e de convivência com essa população", afirma Araújo.

A AME também é responsável pela administração dos CAPEs – Centros de Atendimento ao Passageiro Especial da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU) - fornecendo, inclusive, carteirinha de gratuidade no transporte intermunicipal por ônibus.

Projetos não faltam, como explica o presidente: "nos últimos 2 anos, passamos a investir na oferta de serviços terceirizados mais especializados, como o teletrabalho. O processo de implantação desse serviço está praticamente concluído e, em breve, será oferecido para as empresas. Atualmente, desenvolvemos um projeto piloto com a SABESP que consiste na instalação de postos de atendimento a clientes nas casas dos operadores. Os serviços prestados pela empresa por telefone são realizados remotamente por atendentes da AME. Esta modalidade de trabalho viabiliza o emprego de expressivo número de pessoas, hoje, fora do mercado por dificuldades relacionadas a mobilidade na cidade".

Há 2 anos, a entidade também atende alunos matriculados na rede estadual de ensino com severa restrição de mobilidade. O trabalho começou junto à Diretoria de Ensino de São Bernardo do Campo/SP, para atendimento de 54 alunos. As famílias obtiveram, mediante decisão judicial, o direito aos serviços de cuidadores para viabilizar a permanência de seus filhos nas escolas. Hoje, os serviços foram estendidos para toda a rede de ensino em razão de um Termo de Ajustamento de Conduta – CAT, firmado entre a Secretaria de Educação e o Ministério Público Estadual. Atualmente a AME possui cerca 320 cuidadores atuando em escolas e atendendo cerca de 700 alunos em diversas regiões do Estado.

"Vivemos um momento em que as pessoas com deficiência têm, cada vez mais, uma participação ativa no mundo. As limitações não justificam mais a restrição e o isolamento. É crescente a consciência da necessidade de adequação dos espaços e serviços para as necessidades de todas as pessoas. Cabe a elas fazerem valer os desejos e assegurar o atendimento de suas necessidades específicas. Cabe ao Estado e, particularmente, às instituições, contribuir efetivamente para a superação das desigualdades, empenhando esforços para promover uma profunda mudança de atitude frente a questões relativas à deficiência", conclui Araújo Neto.
 
 

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