Projeto Andar de Novo ganhará R$ 33 milhões
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A abertura da Copa do Mundo de 2014, no estádio do Itaquerão, em São Paulo, será palco para um chute histórico: um cidadão brasileiro paraplégico será capaz de levantar-se de uma cadeira de rodas, dar 25 passos e inaugurar com um pontapé não apenas o evento, como a maior vitória da neurociência no mundo. A proposta é considerada pela revista Scientific American uma das dez ideias que estão "além dos limites da ciência atual".
Segundo Nicolelis, há vários desafios a serem
suplantados até lá, mas "as primeiras simulações já foram feitas e tudo
está funcionando como planejado". O projeto "Andar de Novo" está
sendo apoiado pela FINEP, com cerca de R$ 33 milhões em recursos não
reembolsáveis. "Esta é a forma que encontramos de comunicar para o mundo
que existe uma nova neurociência, e ela pode transformar a vida de milhões de
pessoas com lesões medulares", afirma o cientista.
"Aqui, no país do futebol, em plena
Copa, o mundo vai esperar as confirmações, mais uma vez, dos estereótipos
brasileiros - os grandes jogadores de futebol, a música, as belezas naturais.
Acontece que queremos mostrar que somos mais do isso. Vai ser um chute da
ciência brasileira para toda a humanidade", afirmou um emocionado
Nicolelis em recente palestra realizada na FINEP.
O "Andar de Novo" é possível graças
a um exoesqueleto, uma espécie de prótese externa do esqueleto humano,
"vestida" e controlada diretamente pela pessoa com deficiência. A
ideia é fruto de mais de uma década de pesquisas da Interface Cérebro-Máquina
(ICM), que possibilita a transmissão de impulsos elétricos cerebrais para algum
receptor externo, que, por sua vez, entendem os comandos e o executam. As
pesquisas têm origem no Instituto Internacional de Neurociência de Natal Edmond
e Lily Safra (IINN-ELS), baseado em Macaíba, na periferia da capital do Rio
Grande do Norte, e na Universidade de Duke, nos EUA, onde Nicolelis é
pesquisador.
Made in Macaíba
O resultado das pesquisas de Nicolelis, única
no mundo, vem de uma tentativa de um novo modelo de fazer ciência. "É
investir na educação, dar espaço à criatividade para apostar na única coisa que
faz sentido: a busca da felicidade", diz. Um dos grandes diferenciais
do cientista foi criar, na periferia de Natal (RN), especificamente em Macaíba,
um polo de ciência capaz de competir com os grandes laboratórios de
neurociência do mundo.
É um projeto educativo-social no qual
são formadas crianças e adolescentes desde os primeiros anos escolares até o
final do curso médio. Uma escola que não tem provas "porque o aprendizado
está estampado no rosto de cada um", orgulha-se Nicolelis. Pesquisas do
MEC indicam que a evasão escolar é de 56% no ensino público, enquanto o curso
de iniciação científica do programa educacional de Macaíba é de 2%.
E esse cuidado começa no pré-natal, quando
podem ser detectados problemas passíveis de diagnóstico, sem o qual se tornam
lesões cerebrais irreversíveis. Doações privadas e também da FINEP tornaram os
laboratórios do IINN-ELS possíveis, assim como o projeto social, chamado de
"Educação para a Vida". Depois de uma década, hoje já existem,
inclusive, jovens locais que estão matriculados em universidades de renome no
País.
Fonte: Revista Sentidos
Fonte: Revista Sentidos
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