Cadeirante adere ao crossfit e quebra barreiras através do esporte em MG
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Após ficar paraplégico, Pedro encontra no
esporte motivação para lidar com condição de vida. Fanático em desafios, ele
não se limita a nenhum exercício da modalidade
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Pedro pratica todas os exercícios da modalidade (Foto: Pedro Henrique/Arquivo Pessoal) |
Sem o movimento das pernas desde 2012,
quando foi vítima de um acidente de carro, o mineiro Pedro Henrique da Silva de
23 anos encontrou no esporte adaptado motivação para lidar com a condição de
deficiente físico. Conheceu o tênis de mesa, jogou boliche, andou a cavalo,
praticou canoagem e também jogou basquete, mas foi no crossfit que viu a
oportunidade de dar novos rumos para a vida. Fanático em quebrar barreiras e se
desafiar, ele afirma fazer tudo o que os outros participantes fazem e que a
cadeira nunca será um motivo para limitações.
Click AQUI para ver o vídeo:
Na modalidade, Pedro, que é de São Gonçalo
do Pará, no Centro-Oeste Mineiro, participa de todo o treinamento de força e
condicionamento físico. Ele faz as atividades junto aos demais alunos, levanta
pesos, pratica exercícios de remo, de corda e faz abdominais. A programação de
treinos também é normal, como a de qualquer outro participante.
– Treino duas vezes por semana e faço o que
qualquer um faz, porém de forma adaptada. Forço muito a região lombar e por
causa disso é preciso alguns cuidados especiais, mas a academia tem dado
atenção a isso e todos me ajudam, não tenho o que preocupar. Pretendo quebrar
essa barreira de que nós não podemos fazer o que quisermos e quero levar essa
ideia para outros jovens que passam pela mesma situação – informou.
Há três meses no crossfit, Pedro viu na
modalidade a chance de superar desafios pessoais e provar que têm capacidade.
Inspiração que veio do tetracampeão mundial de paracanoagem e ex-BBB Fernando
Fernandes, que após o acidente deixou a carreira de modelo internacional para
se tornar atleta.
– Me espelho nele e desde o acidente, o
acompanho. O Fernando está sempre disposto a fazer o que muitos achariam
impossível. Ele já andou de ski na neve, saltou de paraquedas, praticou
motocross. Tudo isso, depois de ficar paraplégico. Por eu também me recusar a
limitar, me identifico muito com ele, além do mais, escolhi o crossfit como
principal modalidade justamente por ser o mais difícil. Adoro vencer desafios –
disse.
Nas primeiras aulas, o obstáculo foi
trabalhar o psicológico. De acordo com o mineiro, ele sentiu um “frio na
barriga”, já que as atividades forçam a região lombar e é necessário um cuidado
especial por causa da deficiência. Porém, por causa da atenção dos instrutores
ele conseguiu contornar as dificuldades e praticar os exercícios.
– Eu procuro me cuidar, treinar muito e dar
o melhor de mim, além disso, queria praticar o esporte. Por sempre fazer
atividades físicas, não tive dificuldades com os exercícios, foi só um
"medo bobo”, fiquei inseguro de que iria dar certo, por ser o primeiro
cadeirante da região a fazer crossfit. A surpresa é que deu super certo e hoje
sou até exemplo para o pessoal que realiza a modalidade – contou.
“Quero contribuir de alguma forma para as
pessoas. Vários alunos me disseram que eu sou "um tapa na cada da
sociedade", mas quero mostrar que somos capazes, principalmente aos
deficientes físicos que ainda resistem a praticar algum esporte ou atividade
por medo"
Pedro Henrique
Após a adesão de Pedro à academia, o espaço
passou por modificações para recebê-lo com mais segurança. Lá, o mineiro recebe
motivação dos alunos e, além disso, têm aumentado o número de seguidores nas
redes sociais, que mandam mensagens com frequência de apoio para continuar com
os exercícios. Segundo ele, até pessoas que estão na mesma situação chegaram a
perguntá-lo sobre a rotina das atividades.
– Quero contribuir de alguma forma para as
pessoas. Vários alunos me disseram que eu sou "um tapa na cada da
sociedade", mas quero mostrar que somos capazes, principalmente aos
deficientes físicos que ainda resistem a praticar algum esporte ou atividade
por medo – contou.
Para o instrutor Matheus Carvalho, a ideia
é torná-lo com a maior independência possível. Além disso, ele informou que
Pedro têm capacidade para crescer na modalidade e inspirar outros atletas.
– Quando vi o interesse do Pedro, senti que
seria o máximo poder ajudá-lo, além de ser um desafio para nós. É muito bacana
trabalhar com ele, por causa do psicológico que é muito forte, isso conta
demais para atletas de crossfit.
Além do mais, tem uma força de vontade
incrível e sempre coloca boa vontade nos desafios. Nosso foco com o Pedro é
deixar ele capaz de realizar qualquer atividade rotineira sem depender de
outras pessoas, que ele seja praticamente independente, queremos o Pedro forte
na modalidade e com títulos no currículo – finalizou.
*Colaborou Laiana Modesto sob supervisão de
Raphael Lemos e Hismênia Keller
Fonte: Globo Esporte
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