Livros digitais para cegos buscam espaço na Bienal
Compartilhe
Deficientes visuais têm de quebrar barreiras todos os dias para viverem em um mundo que ainda não é preparado para eles. Atravessar a rua, pegar um ônibus e ir ao médico são tarefas cotidianas, mas que exigem o desenvolvimento de muitas habilidades. Com as atividades básicas superadas, ainda sobram milhares de outros problemas que afligem qualquer pessoa – cegas ou não: passar na faculdade, estudar e ter um diploma, só para citar alguns dilemas. Eduardo da Rosa, de 43 anos, conhece essa realidade dos dois lados. Com a visão perdida em 1991, passou a sentir o mundo de outra maneira e ter que reaprender coisas básicas.
Depois do incidente, ler virou um desafio. Ele teve que aprender a linguagem Braille. Cursou supletivo e até conseguiu bolsa para a faculdade de direito em 2005, na cidade de Jaú, onde vive. "Era muito difícil porque não havia estrutura para mim na faculdade. No começo gravava as aulas e escutava tudo para estudar", diz. Mas não havia livros para ele até descobrir a Fundação Dorina Nowill, que edita e distribui livros digitais para deficientes visuais.
O livro digital para cegos não é só uma obra escrita transformada em áudio. "O texto está vinculado a um som no formato mp3 e permite que o leitor tenha a mesma facilidade de quem enxerga, índice, sumário e até notas de rodapé", diz Ricardo Soares, gerente do livro digital da Fundação. O livro segue um padrão internacional chamado “Daisy” (Digital Accessible Information System).
O leitor acessa sua obra por um programa (que pode ser baixado aqui), e nele tem as ferramentas que precisa para realizar a leitura. A maioria das obras digitalizadas pela fundação estão relacionadas à educação, principalmente universitária.
O livro digital mudou tudo, não tínhamos nada, passamos a ter tudo, o único problema é a demora para adquirir algumas matrizes de livros. Para competir com um colega, tenho que ter as mesmas ferramentas que ele", diz Eduardo que, formado, agora estuda para passar na OAB.
Ricardo explica que a Fundação recebe os livros das editoras e realiza todo o processo de transformação em obras para pessoas com deficiência. Depois, vende os títulos para as editoras interessadas e doa para usuários cadastrados como Eduardo. A Dorina Nowill está presente na Bienal Internacional do Livro deste ano justamente com o propósito de mostrar o trabalho de digitalização dos livros a outras editoras, e assim aumentar o números de títulos disponíveis.
A entidade conta com mais de 750 títulos digitalizados. O bacharel em direito garante que tem quase todos. "Vou lendo aos poucos, peguei todos porque estou montando minha biblioteca", diz. Para conhecer mais os livros digitalizados para deficientes visuais visite o espaço da Fundação na Bienal Livro que acontece em São Paulo até 22 de agosto ou o site da Fundação Dorina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu Comentário é muito importante para nós.