Ponto S
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VAMOS
FALAR EM SEXUALIDADE DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA?
Falamos
tanto em acessibilidade, em direitos, em discriminação, mas não se fala em
sexualidade por ser um tabu em nossa sociedade, ainda por vivermos sob dogmas
religiosos, com a idéia de que somos originários do pecado original.
Se discutir sobre sexualidade, sexo já é
desconfortável dirá quando tocamos sobre este assunto no segmento da pessoa com
deficiência, com toda a carga emocional que trazemos em nossa trajetória desses
longos 30 anos de luta de inclusão social, com conquistas maravilhosas para que
se cumpra o princípio da dignidade humana para que estas pessoas venham ter uma
vida incluída na comunidade.
Para que tenhamos uma vida incluída temos o
direito de namorar, casar, ter filhos, enfim constituir uma família ou então
não casarmos, mas sim termos uma vida sexual sem constrangimentos, saudável com
o escolhido ou escolhida, livres de pressão ou preconceito, mas para que isso
aconteça necessita de discussões amplas, entendimentos, levando para o próprio
interessado e sua família todas as informações sobre seu corpo, DSTs/AIDs, gravidez,
enfim, em pé de igualdade com todos.
A Convenção sobre os Direitos da Pessoa com
Deficiência em seu artigo 23, 2, nos dá o direito de planejar, ter nossa
família, garantindo o acesso à saúde e o direito à nossa fertilidade, embora o
Estado tenha o obrigação de oferecer todo o aparato da estrutura da saúde no
que diz respeito a inserção das mulheres em políticas públicas de planejamento
famililar, as nossas mulheres com deficiência ainda não conseguem alcançar e
usufruir tudo que o sistema oferece, por falta de percepção ou talvez por falta
mesmo de conhecimento sobre nossas potencialidades, desejos e direitos.
Há necessidade de mobilizações destas mulheres
para discussão nas necessidades para elaboração de diretrizes em políticas
públicas para cada especificidade, pois temos muitas complexidades em nosso
meio e não deve ser feito de qualquer jeito, deve ter um olhar mais profundo
para aplicação correta e alcance de todas.
O direito à fertilidade da mulher com
deficiência não é novo em nosso ordenamento jurídico, na Constituição Federal
garante o acesso à Saúde e as suas políticas em todas as esferas governamentais,
as normativas do Ministério da Saúde, Tratados Internacionais, então o que
falta? Mais alguma Lei, Decreto? Não e sim, o que carecemos é uma efetivação de
toda essa legislação, conscientizar todos os órgão governamentais, sociedade na
quebra das barreira atitudinais, porque esse é o pior de todos, o preconceito,
o entrave para qualquer amadurecimento social e político de uma nação.
Mas enfim, isso é uma reconstrução de um
mundo, construção de novos horizontes, quebra de paradigmas, porque os conceitos
antigos estão arraigados em nossas células e até em muitas ocasiões nos pegamos
questionando cá com nossos botões como que várias de nós namora, se relaciona e
tem seus filhos, pois até entre nós, mulheres com deficiência, falta
informação, mas muita informação mesmo.
O que nos falta para alcançar toda esta
cidadania? Informação, oportunidade, apoio, coragem, auto-estima,
sensibilidade, solidariedade, despreendimento, pró-atividade, criatividade,
caráter, audácia, enfim toda força e coragem para se feliz, simples assim... è
dificil??? Mas quem disse que a vida era fácil, mas é maravilhosa...
Márcia Gori
Fonte: Inclusão também é Moda
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