Barreiras Atitudinais: Você com certeza já praticou alguma

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No texto de hoje gostaríamos de trazer à tona um conceito que muitos já ouviram falar de algum modo, por já ter lido em algum artigo na web ou ter participado de alguma palestra de acessibilidade, ou ainda tido um contato com um colega que tenha deficiência. Entretanto, poucas pessoas têm conhecimento do seu real significado e isso acaba interferindo negativamente no relacionamento com as pessoas com deficiência: são as Barreiras Atitudinais.

Antes de falar o conceito propriamente, vamos voltar um pouco no tempo…

Na época das civilizações antiga e medieval existiam duas correntes de pensamento no tratamento das pessoas com deficiência. A primeira defendia que estas pessoas deviam ser rejeitadas e sumariamente eliminadas; a segunda pregava a proteção e o assistencialismo. O fato é que esta segunda corrente predomina e exerce grande influência nas pessoas até hoje.

Pois em algum momento passou-se a acreditar que estas pessoas eram inválidas, defeituosas, excepcionais, ou seja, incapazes de fazer qualquer atividade com autonomia e, por esta razão, deveriam ficar isoladas do convívio social.

Somado a tudo isso, mais recentemente (na década de 60), surgiu o modelo médico. De acordo com este modelo, as pessoas com deficiência têm problemas físicos que precisam ser curados. Isto impele as pessoas com deficiência para um papel passivo de pacientes. O objetivo desta abordagem é normalizar as pessoas com deficiência e consequentemente que estas sejam curadas. Acredita-se que somente assim elas encontrarão a felicidade plena e estarão aptas a ter acesso a alguns direitos.

Diante do contexto exposto acima e sem mais delongas, vamos agora explicar em detalhes o conceito de barreiras atitudinais.

Barreiras atitudinais são atitudes e/ou comportamentos preconceituosos perpetuados ao longo do tempo que impedem o acesso aos ambientes, bem como os relacionamentos e convívio das pessoas com deficiência com a sociedade, sejam estas ou não intencionais.

Vejamos então, na prática, como isso acontece. Com quais delas você se identifica? Quantas já comete ou cometeu?

Barreira Atitudinal da Ignorância: Desconhecer a potencialidade da pessoa com deficiência;

Barreira Atitudinal da Rejeição: recusar-se a interagir com a pessoa com deficiência, e seus familiares;

Barreira Atitudinal da Percepção de Menos Valia: avaliação depreciativa da capacidade da pessoa, sentimento de que a pessoa com deficiência não poderá realizar uma atividade ou só poderá faze-la em parte;

Barreira Atitudinal da Inferioridade: acreditar que a pessoa com deficiência não acompanhará os demais em alguma atividade em grupo, por exemplo. Isso é incorrer num grave engano, pois todas as pessoas apresentam ritmos de aprendizagem diferentes. Assim sendo, cada um faz seu percurso singularmente;

Barreira Atitudinal da Piedade: sentir-se pesaroso e ter atitudes protetoras em relação a pessoa com deficiência. Estimular o grupo a antecipar-se às pessoas com deficiência, realizando as atividades por elas, atribuindo-lhes uma pseudoparticipação;

Barreira Atitudinal da Adoração ao herói: considerar uma pessoa com deficiência como sendo “especial”, “excepcional” ou “extraordinária”, simplesmente por superar uma deficiência ou por fazer uma atividade qualquer; elogiar exageradamente a pessoa por qualquer mínima ação realizada na escola, faculdade ou no ambiente de trabalho, como se inusitada fosse sua capacidade de viver e interagir com o grupo e o ambiente;

Barreira Atitudinal da Exaltação ao modelo: usar a imagem da pessoa com deficiência como modelo de persistência e coragem diante os demais;

Barreira Atitudinal de Efeito de Propagação: supor que a deficiência de um indivíduo afeta negativamente outros sentidos, habilidades ou traços da personalidade. Por exemplo, achar que a pessoa com deficiência auditiva tem também tem deficiência intelectual, etc.;

Barreira Atitudinal da Compensação: acreditar que as pessoas com deficiência devem ser compensadas de alguma forma; seja minimizando a intensidade das atividades ou oferecendo-lhes vantagens;

Barreira Atitudinal da Substantivação da Deficiência: referir-se à falta de uma parte ou sentido da pessoa como se a parte “faltante” fosse o todo. Ex: o deficiente mental, o cego, o “perneta”, etc. Essa barreira faz com que a pessoa com deficiência perca sua identidade em detrimento da deficiência, fragilizando sua autoestima.

Como vimos nos itens listados anteriormente, são atitudes como estas – mesmo que não sejam intencionais – que provocam um grande impacto negativo quando nos relacionamos com pessoas com deficiência.

Antes de tudo devemos sempre lembrar que pessoas com deficiência são pessoas. Isso parece óbvio, soa redundante. Precisamos compreender que o fato de possuirmos alguma deficiência não implica que somos menos capazes ou que não tenhamos vontade própria.

Vai escrever um projeto e quer inserir acessibilidade? Converse com alguma pessoa com deficiência! Peça auxílio, entenda de que forma o seu projeto pode tornar-se inclusivo e de fato trazer fruição plena e acesso para pessoas cegas, surdas ou com algum outro tipo de deficiência.

Todos estamos sujeitos a cometer algumas das barreiras atitudinais citadas acima, mas acreditamos que somente a partir da convivência, do diálogo e da inclusão das pessoas com deficiência poderemos mudar esse cenário e tornar a comunicação e os produtos universalmente acessíveis.

Aguardamos seu comentário ou sugestão através do nosso e-mail: entrelinhasca@gmail.com ou pela fan page: fb.com/entrelinhasca.

Fonte: Marketing Cultural

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